A Mitsubishi começa a vender no Brasil a partir de setembro a terceira geração do Outlander, que ganhou novo visual, bom pacote de equipamentos e uma terceira fila de bancos para levar até sete pessoas. Na versão de entrada, com motor 2.0 l e tração 4x2, o modelo será R$ 2,7 mil mais caro que seu antecessor, partindo de R$ 102.990, mas quem quiser usufruir de toda a tecnologia disponível, e também acelerar o motor V6 de 3.0 l, não gastará menos que R$ 139.990.
Importado do Japão, o crossover foi praticamente reconstruído, mas manteve a mesma ditância de entre-eixos e opções de motores. Os primeiros a avistarem o veículo nas ruas brasileiras terão dificuldade em reconhecê-lo. A frente perdeu a grade em formato de trapézio que identifica outros modelos da marca, como o irmão ASX e o sedã Lancer. Na parte de trás, a tampa bipartida do porta-malas deu lugar a uma convencional inteiriça.
A versão mais barata vem com o já conhecido motor 2.0 l, de 160 cavalos de potência, e câmbio CVT. A partir de R$ 102.990, o pacote de série oferece rack de teto, sensores automático de luz e chuva, teto solar, bancos em couro com aquecimento e ajuste elétrico para o motorista, airbags duplos, laterais e de cortina, ar-condicionado e sistema multimídia com rádio, CD, DVD, MP3 e Bluetooth. A opção para transportar até sete pessoas na terceira fileira de bancos está disponível apenas para a versão GT, que já vem com propulsor V6 de 240 cv, câmbio automático e tração 4x4. A partir de R$ 130.990, o crossover ganha também nove airbags, GPS integrado, câmera de ré e sensor de estacionamento.
No entanto, as melhores novidades tecnológicas do Outlander só estão no modelo GT com o que a fabricante chama de Full Technology Pack, que custa mais R$ 9 mil. Por R$ 139.990, o cliente terá o piloto automático adaptativo (ACC), um sistema de radar que evita colisões frontais em baixas velocidades com frenagem total do veículo (FCM), faróis de xênon e abertura eletrônica do porta-malas por meio da chave.
Enquanto a versão de entrada deve combater de frente Chevrolet Captiva, Honda CR-V, Volkswagen Tiguan e Fiat Freemont, o modelo mais equipado já terá como rivais Hyundai SantaFé, Kia Sorento, Ford Edge e Land Rover Freelander. A representante da Mitsubishi no Brasil espera ampliar as vendas para cerca de 600 unidades mensais – a versão anterior acumula 1.785 emplacamentos entre janeiro e julho deste ano, o que significa uma média de 255 unidades/mês, segundo a Fenabrave.
De acordo do Reinaldo Muratori, diretor de engenharia da Mitsubishi, o Outlander não é um modelo de volume em nenhum mercado que participa e por enquanto não há intenção de fabricar o carro no Brasil. “Se o volume for maior, voltamos a avaliar. Já temos todos os estudos prontos”, afirmou. Caso as expectativas da montadora se cumprirem, o Outlander representará cerca de 70% da cota de importação sem acréscimo de IPI dentro do regime Inovar-Auto.
Teste
Em duas etapas, testamos no novo Outlander GT com Full Technology Pack no interior de São Paulo, onde a Mitsubishi mantém um autódromo e um centro de treinamento. No circuito fechado, avaliamos a estabilidade e dirigibilidade da nova geração, incluindo o funcionamento de equipamentos como freios ABS, controle de tração e o novo sistema de radar que evita colisões. Já nas estradas próximas a Mogi Guaçu, o destaque ficou por conta do piloto automático adaptativo. Como não poderia faltar em um veículo 4x4, o Outlander também encarou com tranquilidade um pequeno circuito off-road.
Ao sentar no banco do motorista, algumas novidades já podem ser percebidas. O volante ganhou ajuste de profundidade, além de altura. Embora bastante simples e conservador, o console central é levemente voltado ao piloto para criar a ideia de um “cockpit”. Para acionar o motor, o botão start/stop fica do lado direito, atrás do volante, enquanto a chave é guardada na parte inferior do console. Outra mudança é a direção com assistência elétrica no lugar da hidráulica.
A central multimídia tem tela de sete polegadas sensível ao toque e a interatividade de um tablet. As funções de som, GPS ou televisão podem ser acessadas por meio do menu ou simplesmente deslizando os dedos sobre o monitor, como se estivesse virando a página. Além de DVD e TV digital, o sistema está preparado para receber como acessório opcional monitor digital da pressão dos pneus e câmera dianteira fulltime, como aquelas usadas na Rússia, que rendem tantos vídeos estranhos de acidentes e brigas na web.
Colocamos a central em uma tela interessante, que pode ser acessada com dois toques no botão Menu e mostra ao mesmo tempo a variação da aceleração medida em “g”, aceleração lateral (força exercida sobre o carro ao fazer uma curva), bússola, inclinação frontal e altitude. Na pista do autódromo Vello Cittá, os “paddle shifters” fixos na coluna do volante se mostram funcionais para acompanhar o câmbio automático tradicional. Com o limite de um carro que tem 1,68 metro de altura, o Outlander teve certa agilidade em movimentos bruscos, como em mudanças de faixas repentinas, com ou sem frenagem auxiliada pelo ABS.
Porém, o mais interessante foi o teste do FCM. O sistema pode ser ligado ou desligado por meio de botão no lado esquerdo do painel, atrás do volante. Quando em funcionamento, o radar instalado na grade frontal detecta a aproximação de objetos sólidos à frente e avisa o condutor com um aviso sonoro e visual (“Brake” piscando no painel de instrumentos). Caso o motorista não esboce reação, nem no pedal do freio, nem ao volante, o sistema freia o veículo automaticamente em velocidades até 30 km/h.
Mesmo com o obstáculo colocado na pista sendo um balão de ar com o desenho da traseira de um Lancer, é difícil controlar o pé, mas o sistema cumpriu perfeita mente seu papel. Diferente do modelo disponível em carros da Volvo, o FCM não detecta pedestres ou outros tipos de obstáculos como cones, bicicletas ou outros de menor volume. O mesma sistema também emite alertas na estrada ao se aproximar rapidamente da traseira de um veículo.
Ainda restrita a veículos de alto luxo, a oferta do piloto automático adaptativo (ACC) se expande com o Outlander no Brasil. Ao acionar o botão na parte direita do volante, o painel de instrumentos já mostra a imagem de faixas que levam até o desenho da traseira de um carro (se houver carro à frente, o desenho é sólido, se não houver fica transparente). Em seguida, basta acionar a pequena alavanca “Set” para determinar a velocidade.
A partir daí, o sistema já está em funcionamento e o motorista só precisa mexer o volante. A velocidade escolhida só é reduzida automaticamente caso apareça um veículo na frente, e retomada gradualmente quando a pista ficar livre. O equipamento auxilia a condução na estrada, é um sonho de consumo para quem fica horas no trânsito de metrópoles e mais um passo rumo a um futuro de carros autônomos. Para quem ainda prefere acelerar, o motor V6 não perde fôlego em retomadas, mas o tamanho e a altura comrpometem a estabilidade a velocidades mais altas.
Sem luxo, o Outlander prima pelo espaço interno, caso não se opte por transpotar mais do que cinco pessoas. Levantada por alças no porta-malas, a terceira fileira com dois bancos reduz o volume de carga de 798 l (com 5 pessoas) para praticamente nada. Mesmo com acesso facilitado pelo deslizamento de 25 cm da segunda fileira, os bancos de trás são confortáveis apenas para crianças. Mas com as duas fileiras rebatidas e acomodadas no assoalho, o porta-malas se torna um compartimento para 1.625 litros, que comporta uma pessoa de 1,70 metro deitada.
Ficha técnica
Mitsubishi Outlander GT Full Techonology Pack
Motor: 3.0 l V6
Potência: 240 cv
Transmissão: automática de seis velocidades e shift paddles
Peso: 1.570 kg
Porta-malas: 798 l (com terceira fileira rebatida)
itens de série: faróis xênon, lavador de farol e regulagem automática, farol de neblina, rack de teto, teto solar, ar-condicionado digital de duas zonas, banco do motorista com ajuste elétrico, bancos dianteiros com aquecimento, revestimento em couro, comando de áudio no volante, computador de bordo, direção com assistência elétrica, sensor de chuva e crepuscular, sensor de estacionamento, sistema de áudio com CD/MP3/DVD, GPS, USB e interface para iPod e iPhone, tampa do porta-malas com abertura eletrônica, nove airbags, ABS com EBD, controle de tração e estabilidade, piloto automático adaptativo, Brake Assist System (BAS), câmera de ré, Forward Collision Mitigation (FCM), Hill Start Assist System (HSA), sistema de tração 4WD
O jornalista viajou a convite da MMCB.