O que podemos esperar do novo Citroën C3? Muito. A Stellantis – supermontadora que reúne as marcas Citroën, Fiat, Jeep, Peugeot e Ram – tem levado muito a sério este lançamento. Nada tem sido feito com pressa; pelo contrário. A ideia é lançar o carro em algum momento do terceiro trimestre com alta qualidade construtiva e bom volume de produção.
Em outros tempos, o novo Citroën C3 seria apenas a nova geração de um carro que se perdeu no mercado. Chegou com ideias revolucionárias, como o parabrisa que avançava sobre o teto, e acabou se tornando apenas um carro mal posicionado e bastante rejeitado pelo público. Agora é diferente. O novo Citroën C3 vai inaugurar um segmento.
A diferença é que o novo Citroën C3 não tentará impressionar por ideias polêmicas, como o parabrisa ocupando parte do teto (solução rejeitada pelo público), e sim pela usabilidade. O novo C3 continuará sendo um hatchback compacto, mas terá uma “atitude SUV”.
O que significa isso? Significa que o carro terá a suspensão mais alta, posição de dirigir mais elevada e uma versatilidade que não se vê em carros baixos como os hatchbacks atuais (Chevrolet Onix, Hyundai HB20, Fiat Argo, Peugeot 208 e Volkswagen Polo).
Será o que um dia já chamamos de hatch aventureiro? Não. Os hatches aventureiros de outros tempos traziam adereços estéticos que muitas vezes eram puras apostas na decisão emocional dos consumidores e não na praticidade. Um exemplo: o estepe exposto do VW CrossFox, que era bonitinho mas ordinário, tamanha a dificuldade para abrir o porta-malas. O novo Citroën C3, até onde sabemos, não precisará desse tipo de subterfúgio.
Espera-se que o novo Citroën C3 venha com um acerto de suspensão diferente do que é comum na marca. O brasileiro gosta de carros firmes na traseira. Ele não será posicionado como carro premium, como ocorreu na atual geração. A ideia é que a Citroën seja vista como a marca que atende a um público diversificado, que enxergue no carro um aliado de uma vida rápida, moderna, conectada e prática.
Quase tudo que os hatches compactos já foram um dia. Mas hoje eles não atraem tanto, pois são considerados carros baixos e com porta-malas pequeno. A tal “atitude SUV” do novo Citroën C3 deve mudar esse conceito, trazer mais robustez e maior versatilidade no uso do carro. Tanto que assim será o carro mais aguardado da Volkswagen para esta década.
Como se sabe, o VW Gol sairá de linha no final deste ano – e nada mais simbólico para indicar que o tempo dos hatches baixos pode estar com os dias contatos. O Gol será substituído já no início do ano pelo Polo Track. Haverá ainda um sedã que pode se chamar Virtus Track (no lugar do Voyage) e a nova geração da picape Saveiro.
O carro que vai marcar uma nova fase da Volkswagen será um pequeno SUV. Ou, quem sabe, um hatchback com atitude SUV. Só que ele vai chegar só em 2025, três anos depois do novo Citroën C3. Até lá, a marca francesa terá espaço para se reinventar no mercado brasileiro. A boa notícia é que não haverá um carro similar da Peugeot, portanto a Citroën tem campo aberto para brilhar.
A história da Citroën nunca foi muito bem explorada no Brasil. A importância da Citroën para a indústria europeia é enorme. Basta dizer que foi a Citroën, com o modelo Traction Avant, que popularizou os carros com tração dianteira e a carroceria monobloco (fórmula usada por quase todos os carros atualmente). O Citroën Traction Avant foi produzido de 1934 a 1957.
André Citroën (fundador da marca) foi considerado o “Henry Ford europeu”, tamanha a mudança que introduziu na indústria automobilística francesa. Ele combinava a produção fordista (para baratear e popularizar o carro) com ideias técnicas revolucionárias.
Seu legado ficou com o Citroën 2CV, um dos carros mais populares da França no século XX. Pode ser visto também no carro que substituiu o Traction Avant, o Citroën DS, que introduziu um design espetacular e foi apelidado de Boca-de-Sapo em Portugal, além de suspensão hidropneumática.
Até que ponto o novo Citroën C3 conseguirá revolucionar o segmento de carros compactos no Brasil ainda é uma incógnita. Mas a Stellantis está decidida a tentar, por isso tem caprichado no lançamento do novo C3. O campo está aberto. Assim como o Volkswagen Gol, o Chevrolet Corsa e o Hyundai HB20, cada um a seu tempo, revolucionaram o segmento de hatches compactos, o novo Citroën C3 chega para abalar. A ver.