A produção de veículos no Brasil recuou 16,8% no primeiro semestre do ano, em relação ao mesmo período de 2013, segundo informou a associação de montadoras (Anfavea) nesta segunda-feira. Foram fabricadas 1,57 milhão de unidades entre janeiro e junho, ante 1,88 milhão no ano passado.
A queda se acentua a cada mês. Em junho 215,9 mil veículos saíram das montadoras instaladas no Brasil. O valor é 33% menor se comparado com o mesmo mês de 2013, quando foram feitas 323,9 mil unidades, e 23% em relação a maio (281,4 mil). No acumulado dos últimos 12 meses, a diferença na produção é de -8,5%.
Os números negativos também foram influenciados pelas dificuldades de exportação, principalmente para a Argentina. Neste ano, saíram do País 169,4 mil veículos montados, ante 262,3 mil no primeiro semestre do ano passado - uma queda de 35%. "Produção é uma consequência do desempenho da exportação somada ao mercado interno. Em junho, tivemos menos de 17 dias de produção, com paralisações ou produções parciais nas fábricas", explicou Luiz Moan, presidente da Anfavea.
O estoque de veículos nas fábricas e concessionárias diminuiu de 399 mil para 395 mil em junho, mas a desaceleração nas vendas fez o número de dias aumentar de 41 para 45, ou seja, no final de junho os carros em estoque levariam 45 dias para serem emplacados. No entanto, o cenário não é tão negativo assim. Com a manutenção do IPI menor, a associação vê vendas 14% maiores nos últimos seis meses do ano, em relação aos seis primeiros.
"Teremos um segundo semestre com vendas menores que em 2013, mas muito melhores que no primeiro semestre deste ano. O primeiro semestre teve 119 dias úteis, e o segundo terá 127. Apenas esta diferença representará um alta de 7% nos emplacamentos. Além disso, a sazonalidade histórica sempre indica um crescimento de vendas no segundo semestre do ano", disse Moan. A Anfavea estima fechar 2014 com queda de 10% na produção de autoveículos, com 3,33 milhões de unidades, enquanto os licenciamentos devem cair 5,4%, e as exportações, 29,1%. Se confirmado, o recuo na produção será o maior desde 1998.
Tributos
De acordo com a Anfavea, o total de impostos sobre o preço público dos automóveis no Brasil é de 28,1% para modelos flex e 29,3% a gasolina. Se o IPI fosse reduzido novamente a zero, a carga cairia para 21,8%, mesmo assim seguiria distante de países como Itália (18%), Alemanha (19%) e Estados Unidos (7%). "O Brasil tem uma das maiores cargas tributárias do mundo, se não a maior", apontou o presidente da Anfavea. Moan ressaltou ainda que não há perda de arrecadação para o governo com a desoneração, como foi visto em 2013, quando as vendas geraram R$ 8,2 bilhões a mais de impostos, mesmo com IPI reduzido.
Compare preços de carros 0 km no Brasil