Peugeot e Citroën são marcas de sucesso na Europa. No Brasil, entretanto, a única que vingou foi a Peugeot, quando lançou o hatch compacto 206, mas depois caiu por tentar empurrar uma reestilização do Peugeot 206 como Peugeot 207, que era uma nova geração na Europa.
A Citroën nunca se aventurou no segmento de carros populares. Preferiu vender o Citroën C3 como um compacto aspiracional, com preços mais elevados, e fez relativo sucesso comercial quando o mercado estava em alta e comprava de tudo.
Mas eram posicionamentos incoerentes com a matriz, pois a Citroën sempre foi a marca mais popular e a Peugeot sempre foi a marca mais aspiracional dentro da extinta PSA.
Este ano, Peugeot e Citroën finalmente mostraram suas novas caras. Agora sob administração da Stellantis, as duas marcas francesas exibiram em 2022, com seus lançamentos, como estão se posicionando para o futuro.
A Peugeot começou a vender o hatchback e-208 elétrico, um hatch com pegada esportiva, e acaba de lançar o e-2008 elétrico, um SUV com foco na utilização urbana. Nos dois casos, não há similar na linha Citroën.
Da mesma forma, o novo Citroën C3 estreou recentementre como um hatch acessível e com proposta totalmente distinta: a de ser um hatchback com atitude de SUV. Nada mais do que um hatch elevado, porém com características que fazem inveja a alguns SUVs de shopping center.
Assim como os elétricos e-208 e e-2008, o novo C3 não tem um modelo similar na outra marca francesa. É bem verdade que a Peugeot e a Citroën vendem o mesmo furgão, Expert e Jumpy, com carcaterísticas idênticas e preço idem. Mas aí estamos falando de veículos comerciais, onde o que conta é a racionalidade e não o imaginário e o desejo.
Os próximos lançamentos da Citroën seguirão na linha do novo C3. Os próximos lançamentos da Peugeot serão carros 100% elétricos ou híbridos plug-in. A curto prazo, por apostar nos veículos tradicionais, a Citroën deve ter uma participação de mercado maior do que a Peugeot.
Mas o futuro é elétrico, por isso a Peugeot pode virar o jogo no final desta década. A Citroën tem uma arma poderosa que poderá ser usada em algum momento: o minúsculo Ami, um veículo 100% elétrico que é vendido na Europa como quadriciclo. Se a Citroën conseguir o mesmo para o Brasil, encaixá-lo numa categoria que pague menos impostos e não exija carteira de habilitação para automóveis, pode revolucionmar a mobilidade urbana.
É difícil prever hoje qual das duas marcas, Peugeot ou Citroën, fará mais sucesso no Brasil do futuro. Nesta década, entretanto, tudo indica que será a Citroën. “Se eu tivesse dinheiro abriria uma revenda da Citroën”, disse um executivo da Stellantis ao Guia do Carro.