A Stellantis está pronta para avançar na produção de um carro 100% a etanol. Com isso, estaria dando um passo importante rumo à grande incoerência de um futuro híbrido flex: 70% das pessoas só abastecem com gasolina.
Antonio Filosa, CEO da Stellantis e líder das marcas Fiat, Peugeot, Citroën, Jeep e Ram, disse no lançamento da Ram House, em Goiânia, GO, que a supermontadora “desengavetou completamente o projeto do carro a etanol", segundo o site Automotive Business.
"Ter um modelo a etanol seria excelente, estamos trabalhando nisso. Depende do que chamamos de go-to-market, e da nossa capacidade”, disse Filosa ao jornalista Bruno de Oliveira, do AB. “De qualquer forma, não existe hoje nenhum tipo de entrave para produzir um carro a etanol."
Isso significa que a Stellantis começa a se mexer de fato para reduzir a importância da gasolina perante o etanol. Como o carro flex dá liberdade ao motorista para usar o combustível que quiser e os preços do etanol não compensam na grande maioria das cidades, só 3 em cada 10 motoristas usam o modo “carro a álcool”.
Produzir um carro 100% a álcool parece ser a melhor ideia para o momento, pois o consumidor não terá outra escolha. Para isso vingar num carro competitivo, entretanto, a Stellantis precisa ter fortes argumentos e preço atraente.
O argumento mais forte é a quase neutralidade na emissão de CO2, item no qual o etanol se destaca. Embora emita carbono na atmosfera, além de outros gases, como a gasolina, o etanol tem a vantagem de a cana-de-açúcar capturar CO2 durante o plantio. Mas isso não tem sido suficiente para convencer o consumidor..
Por isso, além de tentar algum tipo de incentivo para o carro a álcool ou para o combustível em si, a Stellantis precisa criar um automóvel que seja mais barato do que o carro flex – ideia lançada pela Volkswagen há 20 anos.
O motor 100% a etanol colocaria a Stellantis à frente das outras montadoras que apostam no carro híbrido flex como solução mais viável para a transição brasileira rumo aos carros elétricos, que ainda são muito caros. Embora seja adepta do etanol, dificilmente a Volkswagen abandonará a ideia do flex, pois foi ela que a lançou, em 2003, no Gol Total Flex.
Da mesma forma, Toyota e Renault, que também apostam no híbrido flex, não têm planos (conhecidos, pelo menos) de produzir um motor para o chamado carro a álcool/etanol. Vale lembrar também a Fiat foi a primeira montadora a fabricar um carro a álcool no Brasil. Isso aconteceu em 1979 com o Fiat 147.
Segundo o Automotive Business, o desenvolvimento do carro 100% a etanol pode ser embutido dentro do grande investimento que a Stellantis fará para a produção de seu primeiro veículo híbrido flex.
Fiat, Peugeot e Citroën são as marcas mais cotadas para receber o modelo que ressuscitará o carro a álcool no Brasil. Fontes do Guia do Carro afirmam que o governo vê com bons olhos a ideia de um “carro verde popular”. Por ser um veículo de entrada, o Fiat Mobi é o mais cotado para dar a largada, assim como ocorreu com o Fiat 147.