1ª diretora da CBF: “reconhecimento para além de ser mulher”

Recém-nomeada Diretora de Patrimônio da entidade, Luísa Rosa descarta escolha em função do gênero

10 mai 2022 - 05h00

Demorou 108 anos para que a principal entidade de futebol do Brasil tivesse uma mulher como diretora, mas no dia 26 de abril Luísa Rosa entrou para a história. A arquiteta foi nomeada Diretora de Patrimônio da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), e falou com exclusividade ao Papo de Mina sobre o convite, sua experiência na função e as mudanças que espera dentro da confederação.

Arquiteta, Luísa Rosa foi nomeada a 1ª diretora da história da CBF
Arquiteta, Luísa Rosa foi nomeada a 1ª diretora da história da CBF
Foto: Thais Magalhães/CBF

A indicação da executiva acontece em um momento em que a CBF tenta “limpar” a imagem de seu último presidente. Afastado do cargo no ano passado, Rogério Caboclo foi denunciado por assédio sexual e moral por funcionários e ex-colaboradoras.

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“Com toda certeza é para transparecer que talvez a CBF esteja vivendo realmente um novo momento”, afirma Luísa, que ressalta que sua nomeação faz parte de uma mudança que está acontecendo na nova gestão, com Ednaldo Rodrigues à frente da entidade desde março de 2022. 

Com doze anos de experiência na área de arquitetura esportiva, passagem pelo Comitê Organizador da Copa do Mundo do Catar e há dois anos na CBF, a especialista em arenas assegura que foi escolhida em função de seu histórico e currículo. “Mais uma questão de capacidade, mostrar tudo que foi feito, do que simplesmente intitular por necessidade de colocar uma mulher num cargo”.

Avanço feminino e preconceito na área

Apaixonada pela profissão, Luísa faz questão de ressaltar que a nomeação é “um reconhecimento para além de ser mulher, mas da área de arquitetura esportiva, de infraestrutura dentro da CBF também.”

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Segundo ela, quando entrou na área eram pouquíssimas profissionais do sexo feminino, mas a presença tem aumentado a cada dia. E a escolha inusitada pelo nicho esportivo dentro da arquitetura gera mais curiosidade e questionamentos do que o fato de ser mulher. 

“Quando eu falo que sou arquiteta esportiva, a primeira pergunta das pessoas não é nem pelo fato de eu ser mulher, na verdade. As pessoas me perguntam 'o que é isso?'. É a primeira resposta que eu tenho”, conta.

O machismo, infelizmente, não deixa de acontecer. Mas diferente do esperado, apareceu mais em ambientes de obras do que no futebol. A explicação, de acordo com Luísa, é que o “mundo de Copa do Mundo”, no qual ela passou boa parte da carreira, é "bastante evoluído e internacionalizado”, com bastantes mulheres presentes.

Na CBF, inclusive, a executiva destaca que há muitas mulheres em diferentes cargos, e é otimista quanto à possibilidade de ter uma representante feminina na presidência da entidade. “Seria um marco, como foi quando a gente teve a primeira presidente do Brasil, a primeira secretária geral da Fifa mulher. Cada vez mais espero que essa notícia seja dada logo”. 

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Mas essa é uma história que ela pretende apenas acompanhar de perto, e não vivenciar. “Não tenho ambição. Sou bastante técnica da minha área de infraestrutura, e um presidente da CBF tem muito mais uma questão de competição, de operação de jogos, de entendimento com clubes, e eu prefiro ficar na minha área, cuidado dos estádios, dos centros de treinamento e academia”, argumenta.

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