145 pessoas trans foram mortas no Brasil em 2023, segundo relatório

Número é 10,7% maior do que em 2022; Associação Nacional de Travestis e Transexuais divulgou dados no Dia da Visibilidade Trans

29 jan 2024 - 12h35
136 assassinatos foram contra travestis e mulheres trans/transexuais, enquanto nove casos foram contra homens trans e pessoas transmasculinas
136 assassinatos foram contra travestis e mulheres trans/transexuais, enquanto nove casos foram contra homens trans e pessoas transmasculinas
Foto: iStock: Chalffy

Em 2023, o Brasil registrou um aumento de 10,7% nos casos de assassinato de pessoas trans em comparação ao ano anterior totalizando 145 casos, conforme indicado em dossiê divulgado nesta segunda-feira, 29, Dia da Visibilidade Trans, pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

Ao longo dos últimos sete anos, a Antra registrou um total de 1057 assassinatos, cobrindo o período de 2017 a 2023. Sendo 145 em 2023; 131 em 2022; 140 em 2021; 175 em 2020; 124 em 2019; 163 em 2018; 179 em 2017, ano marcado pelo maior número de assassinatos de pessoas trans. O documento mostrou uma média de 151 assassinatos por ano e 13 casos por mês.

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Foram registrados 136 assassinatos de travestis e mulheres trans/transexuais, enquanto nove casos foram contra homens trans e pessoas transmasculinas.

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Casos por estado

De acordo com a Antra, em 2023, São Paulo liderou em números de assassinatos com 19 casos registrados, representando um aumento de 73% em comparação com 2022, quando houve 11 casos e o estado ocupava a segunda posição no ranking.

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No Rio de Janeiro, o número dobrou passando de oito em 2022 para 16 em 2023, resultando em uma mudança da quinta para a segunda posição.

No Ceará, o número de casos aumentou de 11 para 12, mantendo o estado em terceiro lugar no ranking. Já o Paraná subiu do oitavo para quarto lugar também com 12 casos, dobrando o número de assassinatos em relação a 2022.

O relatório ressalta que 65% das mortes, 90 casos no total, ocorreram em cidades do interior, fora das capitais dos estados.

Ainda segundo a Antra, foi constatado que 60% dos assassinatos ocorreram em espaços públicos, enquanto 40% aconteceram em locais privados. A maioria das mortes aconteceram durante a noite, totalizando 62% dos casos.

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Perfil das vítimas

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Nos últimos sete anos, um total de 36 vítimas menores de idade foram registradas, incluindo 35 pessoas transfemininas e uma pessoa transmasculina. Em 2021, a vítima mais jovem de transfeminicídio tinha 13 anos de idade, um dado que ressurgiu em 2023, representando as duas vítimas mais jovens.

Em relação às idades em 2023, os dados indicam que três vítimas (2,7%) tinham entre 13 e 17 anos; 55 vítimas (49,6%) tinham entre 18 e 29 anos; 30 vítimas (27%) tinham entre 30 e 39 anos; 14 vítimas (12,6%) tinham entre 40 e 49 anos, 6 vítimas (5,4%) tinham entre 50 e 59 anos; e uma vítima (0,9%) tinha 60 anos.

No ano de 2023, 72% das vítimas eram pessoas trans negras, ressaltando ainda mais a presença dos fatores de desigualdade racial. Os índices de assassinatos entre 2017 e 2023 indicam que a média de vítimas trans negras é de 78,7%, em contraste com 21,1% para vítimas brancas. 

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Fonte: Redação Nós
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