4 quilombos que resistem no Brasil; entenda como eles se organizam

O Quilombo Kalunga é reconhecido como o maior quilombo do Brasil, abrangendo mais de 260 mil hectares

7 out 2024 - 05h03
Resumo
A Conaq registrou 32 assassinatos e casos de racismo em comunidades quilombolas no Brasil entre 2018 e 2022. Esses quilombos, que existem há mais de 10 anos, continuam resistindo e preservando a sua cultura.
Atualmente, as comunidades quilombolas se organizam de forma adaptativa, dependendo de suas realidades e necessidades
Atualmente, as comunidades quilombolas se organizam de forma adaptativa, dependendo de suas realidades e necessidades
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) registrou 32 assassinatos e múltiplos casos de racismo nos quilombos entre 2018 e 2022, com ocorrências em 11 estados, em todas as regiões do país. Esses dados destacam os desafios que as comunidades quilombolas enfrentam para preservar suas culturas e modos de viver.

Um quilombo é uma comunidade formada por descendentes de escravizados que fugiram de fazendas e outras formas de opressão no Brasil colonial e imperial. As comunidades quilombolas se organizam de forma adaptativa, dependendo de suas realidades e necessidades.

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O que é uma pessoa quilombola? O que é uma pessoa quilombola?

Muitas comunidades formam conselhos ou associações para representar seus interesses e facilitar a comunicação, abordando questões como desenvolvimento social, educação e saúde. Os quilombos, geralmente, também cultivam suas próprias comidas, além de trabalharem com artesanato e organizarem festas e eventos sociais para fortalecer sua economia. 

A seguir, confira 4 quilombos que resistem no Brasil:

Quilombo Boa Esperança 

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Localizado em Areal, no interior do Rio de Janeiro, o Quilombo da Boa Esperança é uma das 48 comunidades quilombolas do estado, segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Turismo de Areal. A área que hoje é o bairro Boa Esperança fazia parte das terras de Domingos Pereira da Costa, que em 1888, ano da abolição da escravatura, doou a região a 15 famílias de ex-escravizados. 

Muitas dessas famílias permaneceram no local após a abolição, formando a comunidade e mantendo o cultivo de café, cana e milho como forma de sustento. Atualmente, a associação da comunidade, que discute problemas e aponta soluções, é formada por muitos jovens.

Quilombo Sacopã

O Quilombo Sacopã, fundado no final do século XIX por ex-escravizados que fugiram de Macaé e Friburgo, foi consolidado em 1929, quando Manoel Pinto Júnior, sua esposa, Eva Manoela Cruz, e seus cinco filhos se estabeleceram na Ladeira do Sacopã, na Lagoa. Com uma área de 18 mil m² de mata, cercada por prédios de luxo e mansões em uma das regiões mais valorizadas do Rio de Janeiro, o quilombo é um dos mais importantes da cidade.

Ao longo dos anos, a comunidade enfrentou diversas tentativas de remoção e disputa por suas terras, mas continua resistindo. O quilombo é muito conhecido por promover feijoadas com roda de samba.

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Quilombo Cafundó

O Quilombo Cafundó, localizado na zona rural de Salto de Pirapora, a 12 quilômetros do centro da cidade, é um dos mais antigos de São Paulo. Fundado oficialmente em 1888, após Joaquim e Ricarda Congo receberem a alforria e herdarem terras de seu antigo senhor, o quilombo mantém sua identidade histórica e cultural.

A comunidade realiza oficinas e visitações. Uma das tradições do Quilombo Cafundó é a festa de Santa Cruz, evento anual em agradecimento aos santos que protegem a comunidade. Ele é realizado no último sábado de maio.

Quilombo Kalunga

O Quilombo Kalunga surgiu no século XVIII, formado por escravizados que fugiram de fazendas e garimpos, buscando refúgio em áreas isoladas para escapar da perseguição dos senhores de engenho e das autoridades. Reconhecido como o maior quilombo do Brasil, o território Kalunga abrange mais de 260 mil hectares. 

Em 2021, o território Quilombo Kalunga foi reconhecido por um programa ambiental da ONU como o primeiro Território e Área Conservada por Comunidades Indígenas e Locais (TICCA) no Brasil. Esse título internacional é concedido a áreas que preservam a natureza e garantem o bem-estar das comunidades locais.

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Fonte: Redação Nós
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