5 mulheres que precisaram se passar por homens para alcançar seus objetivos

Elas foram para o exército, estudaram medicina e criaram uma escola de liderança feminina

19 nov 2024 - 05h00
Shabana Basij-Rasikh precisou se disfarçar de menino para conseguir estudar
Shabana Basij-Rasikh precisou se disfarçar de menino para conseguir estudar
Foto: Reprodução: SOLA School of Leadership, Afghanistan

Ao longo da história, mulheres desafiaram limitações de gênero impostas pela sociedade ao se disfarçarem de homens para alcançar seus objetivos que, de outra forma, não seriam possíveis. Seja para lutar em batalhas, estudar ou exercer profissões, elas adotaram identidades masculinas e arriscaram tudo para quebrar barreiras.

Maria Quitéria

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Em combate, Maria Quitéria se destacou pela disciplina e habilidade com armas de fogo
Foto: Wikimedia Commons

Maria Quitéria de Jesus, nascida em 1792 na Bahia, foi a primeira mulher a integrar o Exército Brasileiro. Em 1822, determinada a lutar pela independência do Brasil e enfrentando a resistência de seu pai, Quitéria contou com a ajuda da irmã, Josefa, que facilitou sua fuga para se alistar.

Disfarçada com roupas e identidade do cunhado, ela assumiu o pseudônimo de José Medeiros e ingressou nas tropas, desafiando as normas sociais que limitavam as mulheres a papéis domésticos. Em combate, Quitéria se destacou pela disciplina e habilidade com armas de fogo, ganhando a confiança e o respeito dos colegas.

Sua bravura foi reconhecida oficialmente em 1823, quando Dom Pedro I a condecorou com a Ordem Imperial do Cruzeiro do Sul e, a partir disso, ela não precisou mais esconder sua verdadeira identidade.

Quitéria seguiu como um símbolo da resistência e da contribuição feminina à construção do país, e sua trajetória marcou a percepção de gênero, mostrando que a capacidade de luta não era exclusividade dos homens.

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Agnodice

Agnodice vivia em uma sociedade onde o estudo da medicina era proibido para mulheres
Foto: Wikimedia Commons

Agnodice foi uma figura pioneira na história da medicina na Grécia Antiga, conhecida por desafiar as rígidas restrições impostas às mulheres em sua época. Nascida em Atenas, por volta do século 4 a.C., Agnodice vivia em uma sociedade onde o estudo da medicina era proibido para mulheres.

Movida pelo desejo de ajudar outras mulheres que sofriam durante o parto e sem acesso adequado aos cuidados médicos, ela tomou a decisão de cortar o cabelo e se disfarçar de homem para frequentar as aulas do famoso médico Herófilo, tornando-se uma das primeiras mulheres a estudar medicina.

Com o conhecimento adquirido, Agnodice passou a exercer a profissão, atendendo principalmente mulheres que, por sua presença, se sentiam mais confortáveis em buscar ajuda médica. Quando os médicos homens desconfiaram de sua popularidade, ela foi acusada de práticas inadequadas e levada a julgamento.

Em sua defesa, revelou sua verdadeira identidade, causando uma grande comoção. As mulheres de Atenas, beneficiadas por seus cuidados, a defenderam, o que levou à sua absolvição e a mudança nas leis que permitiam, enfim, a prática médica feminina em casos de ginecologia e obstetrícia.

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Mary Read

Durante a juventude, Mary continuou com a identidade masculina e, já adulta, ingressou no exército inglês
Foto: Wikimedia Commons

Uma das piratas mais famosas do século 18, Mary Read, conhecida por sua coragem e habilidade em combate em uma época em que a presença feminina no mar era vista como um tabu, nasceu na Inglaterra por volta de 1685.

Mary enfrentou dificuldades desde cedo, incluindo a perda do irmão. Para garantir o apoio financeiro da família paterna, sua mãe a vestiu como um menino, criando-a como se fosse seu irmão falecido. Durante a juventude, Mary continuou com essa identidade masculina e, já adulta, ingressou no exército inglês, onde se destacou em várias batalhas antes de eventualmente se aventurar como pirata.

Em seguida, Mary se juntou à tripulação de Jack Rackham, mantendo o disfarce. Foi nesse contexto que ela conheceu Anne Bonny, outra famosa pirata disfarçada de homem, e formou uma aliança marcante. Os três foram capturados em 1720 e Rackham foi executado. Como alegaram estar grávidas, Mary e Anne escaparam da pena de morte, mas permaneceram presas depois de serem julgadas por pirataria. 

Ainda grávida, Mary Read morreu de febre em 1721, enquanto estava presa na Jamaica.

Frances Clalin

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Com cabelos curtos e trajes masculinos, Frances Clalin conseguiu enganar seus companheiros de batalhão e participou de diversas batalhas
Foto: Wikimedia Commons

Frances Clalin, também conhecida como Frances Louisa Clayton, foi uma mulher que se disfarçou de homem para lutar ao lado do marido durante a Guerra Civil Americana. Nascida no Missouri, Frances decidiu se alistar para apoiar o Exército da União, adotando o nome fictício de Jack Williams.

Com cabelos curtos e trajes masculinos, ela conseguiu enganar seus companheiros de batalhão e participou de diversas batalhas, inclusive enfrentando combates corpo a corpo. Frances tornou-se conhecida pela habilidade com armas e pela determinação.

Mesmo após a morte de seu marido em combate, ela manteve a verdadeira identidade em segredo e lutou até o fim de seu período no exército, sendo uma das poucas mulheres a assumir um papel ativo no conflito armado.

Não há consenso sobre como a identidade de Frances foi revelada. Em uma versão, ela teria revelado seu disfarce logo após uma batalha em 1863, sendo dispensada dias depois em Louisville. Em outra, ela foi ferida no quadril durante a batalha de Stones River, e seu segredo veio à tona quando foi examinada.

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Shabana Basij-Rasikh

Shabana Basij-Rasikh é uma ativista reconhecida por seu trabalho em prol da educação feminina no Afeganistão. Nascida em 1990, em uma época em que o regime talibã proibia meninas de frequentarem a escola, Shabana enfrentou grandes riscos ainda criança para poder estudar.

Disfarçada de menino, ela caminhava até uma escola clandestina, onde conseguiu a base de sua educação. Em 2008, Shabana co-fundou a Escola de Liderança do Afeganistão (SOLA), a primeira escola residencial dedicada a meninas no Afeganistão.

Em 2021, com a retomada do poder pelo talibã e a repressão renovada à educação feminina, Shabana tomou a difícil decisão de transferir a escola para Ruanda, incluindo todos os funcionários e as meninas. A mudança foi uma medida emergencial para garantir a segurança das alunas e permitir que continuassem seus estudos sem as restrições impostas no Afeganistão.

Em Ruanda, a SOLA segue operando como um internato, oferecendo uma educação de qualidade para meninas afegãs. No ano de 2023, quando Shabana estava em Madrid, ela recebeu o Prêmio UNICEF Espanha por criar um lugar seguro para as meninas do Afeganistão estudarem.

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Fonte: Redação Nós
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