6 em cada 10 médicas já sofreram assédio sexual ou moral no Brasil

Os resultados são da 1ª Pesquisa Violência contra a Mulher Médica, divulgada nesta quinta-feira, 14

14 dez 2023 - 14h45
(atualizado às 14h54)
Os resultados são da 1ª Pesquisa Violência contra a Mulher Médica
Os resultados são da 1ª Pesquisa Violência contra a Mulher Médica
Foto: Marcelo Camargo / Perfil Brasil

Uma pesquisa inédita divulgada nesta quinta-feira (14) mostra que os números de assédio moral e/ou sexual contra médicas no Brasil são alarmantes. O levantamento foi realizado pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pela Associação Paulista de Medicina (APM).

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O levantamento - que foi realizado entre 25 de outubro e 16 de novembro - contou com a participação de 1.443 profissionais em todo o país e revelou que seis em cada dez médicas (62,6%) foram vítimas de assédio em seus ambientes de trabalho. Além disso, 74,08% testemunharam ou souberam de casos com colegas. 

O estudo também apontou que somente 10% das médicas que sofreram violência prestaram queixas a órgãos policiais ou judiciais. Dessas, apenas 5% afirmam que os casos foram efetivamente apurados e os responsáveis, punidos.

Os resultados são da 1ª Pesquisa Violência contra a Mulher Médica. O novo levantamento revela ainda que mais da metade das médicas (51,14%) já sofreram agressões verbais ou físicas, e 72,35% tem conhecimento de episódios do tipo.

A taxa de assédio se torna ainda mais preocupante considerando que 70% das médicas já enfrentaram preconceito em diferentes fases de suas carreiras, com quase um terço (31,7%) relatando discriminação durante o curso de medicina.

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Surpreendentemente, 55,4% das médicas optaram por não denunciar o assédio e outros abusos às autoridades competentes. Entre as que denunciaram, apenas uma minoria (11%) viu alguma medida efetiva sendo tomada.

A pesquisa também abordou temas como comportamentos inadequados em trotes e competições esportivas, além de ataques pela internet, evidenciando a necessidade de medidas mais amplas para combater a violência contra as profissionais da saúde.

Com isso, após a divulgação dos preocupantes resultados, uma comissão nacional de médicas está sendo formada para lidar com questões de segurança, igualdade de gênero e melhores condições de trabalho. 

"Isso demonstra a importância de criarmos ações para melhorar o ambiente de trabalho, promover a igualdade de gênero. Há um canal no site da associação hoje em que as mulheres podem fazer uma denúncia com toda a segurança e privacidade. A AMB tem uma assessoria jurídica que pode auxiliar nesses primeiros passos. Também estamos montando uma comissão nacional de mulheres médicas de todos os estados para se reunir periodicamente e discutir ações", disse a primeira secretária da AMB, Maria Rita Mesquita, a respeito da criação de uma comissão nacional de médicas.

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*sob supervisão de Camila Godoi

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