Uma pesquisa inédita divulgada nesta quinta-feira (14) mostra que os números de assédio moral e/ou sexual contra médicas no Brasil são alarmantes. O levantamento foi realizado pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pela Associação Paulista de Medicina (APM).
O levantamento - que foi realizado entre 25 de outubro e 16 de novembro - contou com a participação de 1.443 profissionais em todo o país e revelou que seis em cada dez médicas (62,6%) foram vítimas de assédio em seus ambientes de trabalho. Além disso, 74,08% testemunharam ou souberam de casos com colegas.
O estudo também apontou que somente 10% das médicas que sofreram violência prestaram queixas a órgãos policiais ou judiciais. Dessas, apenas 5% afirmam que os casos foram efetivamente apurados e os responsáveis, punidos.
Os resultados são da 1ª Pesquisa Violência contra a Mulher Médica. O novo levantamento revela ainda que mais da metade das médicas (51,14%) já sofreram agressões verbais ou físicas, e 72,35% tem conhecimento de episódios do tipo.
A taxa de assédio se torna ainda mais preocupante considerando que 70% das médicas já enfrentaram preconceito em diferentes fases de suas carreiras, com quase um terço (31,7%) relatando discriminação durante o curso de medicina.
Surpreendentemente, 55,4% das médicas optaram por não denunciar o assédio e outros abusos às autoridades competentes. Entre as que denunciaram, apenas uma minoria (11%) viu alguma medida efetiva sendo tomada.
A pesquisa também abordou temas como comportamentos inadequados em trotes e competições esportivas, além de ataques pela internet, evidenciando a necessidade de medidas mais amplas para combater a violência contra as profissionais da saúde.
Com isso, após a divulgação dos preocupantes resultados, uma comissão nacional de médicas está sendo formada para lidar com questões de segurança, igualdade de gênero e melhores condições de trabalho.
"Isso demonstra a importância de criarmos ações para melhorar o ambiente de trabalho, promover a igualdade de gênero. Há um canal no site da associação hoje em que as mulheres podem fazer uma denúncia com toda a segurança e privacidade. A AMB tem uma assessoria jurídica que pode auxiliar nesses primeiros passos. Também estamos montando uma comissão nacional de mulheres médicas de todos os estados para se reunir periodicamente e discutir ações", disse a primeira secretária da AMB, Maria Rita Mesquita, a respeito da criação de uma comissão nacional de médicas.
*sob supervisão de Camila Godoi