Pesquisa revela que a maioria das mulheres já sofreu ameaças de morte por parceiro ou ex-namorado, e que a dependência financeira e o medo são os principais obstáculos para sair de uma relação abusiva.
Pelo menos seis em cada dez mulheres conhecem uma mulher que já sofreu ameaças de morte de um parceiro ou ex-namorado, de acordo com a pesquisa “Medo, ameaça e risco: percepções e vivências das mulheres sobre violência doméstica e feminicídio”.
O levantamento, realizado pelo Instituto Patrícia Galvão junto à Consulting Brasil, com apoio do Ministério das Mulheres, foi divulgado nesta segunda-feira, 25, em referência ao Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher.
Segundo a pesquisa, 18% das mulheres relataram já ter sido ameaçadas de morte por um ex-parceiro, e 3% já sofreram ameaças por mais de um. Quando analisado por raça/cor, 16% das mulheres brancas passaram por esse tipo de ameaça, enquanto entre as mulheres negras esse número sobe para 26%.
Além disso, 60% das mulheres afirmaram que já terminaram o relacionamento após ameaças de morte. O medo foi uma constante para 44% das entrevistadas, que temeram fortemente por suas vidas, e 375 buscaram ajuda da polícia.
No contexto de apoio a outras mulheres, 61% conhecem alguém que já foi ameaçada por um atual parceiro ou ex, e 64% disseram que sua primeira reação foi procurar a polícia ao saber do caso. Apenas 6% das mulheres afirmaram que preferem não se envolver quando ficam sabendo de uma ameaça contra outra mulher.
Dependência financeira, crença e medo
Para 64% das mulheres, a dependência financeira do parceiro é o principal obstáculo para sair de uma relação abusiva. Além disso, 61% acreditam que o parceiro eventualmente vai se arrepender e mudar de atitude.
O receio de sofrer uma retaliação fatal caso decidam terminar é um motivo mencionado por 59% das entrevistadas. Em média, o medo representa 46% das razões que levam as mulheres a permanecerem em relacionamentos violentos, sendo um fator citado por 44% das mulheres brancas, e 49% das mulheres negras.
Aproximadamente 89% das mulheres entrevistadas consideram que o feminicídio íntimo, o assassinato de mulheres por um atual ou ex-parceiro, é motivado por ciúmes e a sensação de posse que muitos homens têm sobre suas namoradas.
Além disso, 44% das entrevistadas acreditam que a cultura machista é uma das razões por trás desse tipo de crime.
Impunidade
Nove em cada dez mulheres entrevistadas acreditam que todo feminicídio poderia ser evitado se houvesse proteção real e apoio tanto do Estado quanto da sociedade. Porém, grande parte considera as medidas protetivas ineficazes quando o agressor as ignora e a polícia não oferece segurança suficiente.
Para mais de duas a cada três entrevistadas, a impunidade é comum nos casos de violência doméstica, e apenas 20% acreditam que os agressores acabam presos. Em consequência, 95% das participantes afirmam que muitos homens cometem esses atos confiantes de que não enfrentarão punições.
Em caso de violência contra a mulher, denuncie
Violência contra a mulher é crime, com pena de prisão prevista em lei. Ao presenciar qualquer episódio de agressão contra mulheres, denuncie. Você pode fazer isso por telefone (ligando 190 ou 180). Também pode procurar uma delegacia, normal ou especializada.
Saiba mais sobre como denunciar aqui.