O Dia Internacional das Mulher é celebrado, anualmente, no dia 8 de março no mundo todo, é marcado pela discussão do papel da mulher na sociedade e pela luta histórica das mulheres para terem suas condições equiparadas às dos homens.
A data teve origem no movimento operário e remetia à reivindicação por igualdade salarial, foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1977. Atualmente, simboliza a luta das mulheres não apenas contra a desigualdade salarial, mas também contra o machismo, preconceito e a violência.
Já avançamos muito, mas ainda há um longo caminho pela frente. Mulheres ainda recebem menos que os homens, mesmo exercendo a mesma função, elas ainda têm a inteligência e a capacidade colocada à prova, ainda não tem o direito de decidir o que quer fazer com o próprio corpo, ainda sofrem assédio, feminicídio, entre tantas outras coisas que precisam acabar.
Mas não é só nesta data que os direitos das mulheres precisam ser lembrados e algumas famosas engajadas já abraçaram a causa há alguns anos, seja nas redes sociais, programas de televisão, músicas, livros ou podcasts, o assunto sempre é pautado.
Por isso, o Portal UAI reuniu 8 famosas que usam sua visibilidade para lutar pelos direitos das mulheres.
Charlize Theron
A atriz sul-africana brilhou quando negociou um salário igual ao do ator Chris Hemsworth com quem contracenaria no longa-metragem A branca de neve e o caçador (2012).
Sobre a igualdade salarial, Theron falou à revista britânica Elle UK: "Eu tenho que dar crédito a eles porque, uma vez que pedi, eles disseram 'sim'. Eles não se opuseram. E talvez essa seja a mensagem: de que precisamos simplesmente bater o pé. Esse é um bom momento para trazer isso a um lugar de justiça, e meninas precisam saber que ser feminista é uma coisa boa. Não quer dizer que você odeia os homens. Significa direitos iguais. Se você está fazendo o mesmo trabalho, você deveria ser recompensada e tratada da mesma forma".
Valesca Popozuda
A funkeira Valesca Popozuda sempre fez questão de defender a ideia de que mulheres podem usar a roupa que quiserem e não merecem sofrer assédio sexual por isso. Em sua conta no Instagram, a cantora participou da campanha criada pela a jornalista Nana Queiroz, em 2014, intitulada "Eu não mereço ser estuprada". Tamanho da roupa, corpo, lugar ou estado. Nenhuma opção é justificativa para o estupro. Valesca compartilhou uma foto em que aparece nua. "De saia longa ou pelada, eu não mereço ser estuprada", escreveu ela na legenda da publicação.
Vale destacar, que Popozuda já foi objeto de uma tese de mestrado sobre o seu papel na luta feminista no Brasil e a relevância do funk para a luta pelo direito à liberdade sexual das mulheres.
Jennifer Lawrence
Jennifer Lawrence foi a cara da coleção de outono 2017 da grife francesa Dior, cuja campanha tinha como nome We should all be feminists (Deveríamos ser todos feministas, em tradução livre). A frase foi retirada do título do famoso discurso de Chimamanda Ngozi Adichie para o TEDxEuston, em 2012, que originou também o livro-manifesto Sejamos todos feministas, publicado no Brasil pela Companhia das letras.
A atriz norte-americana, que deu vida a personagens feministas no cinema, levantou sua voz contra a desigualdade dos salários pagos a atores e atrizes em Hollywood. Em 2013, Jennifer descobriu por e-mails vazados da Sony Pictures que havia recebido 10 vezes menos do que os três outros protagonistas homens do elenco de Trapaça (2013).
Lawrence voltou a falar sobre desigualdade salarial nas telonas em 2021. Em entrevista concedida à Vanity Fair, a artista comentou sobre a diferença entre o seu cachê e o do ator norte-americano Leonardo DiCaprio, na produção da Netflix Não olhe para cima (2021). Ambos protagonizam o longa lado a lado, no entanto, DiCaprio recebeu US$ 30 milhões para participar do filme, enquanto ela ganhou US$ 25 milhões.
"Sim, eu também vi isso. Olha, Leo traz mais bilheteria do que eu. Estou extremamente feliz e feliz com o meu acordo. Mas em outras situações, o que eu vi — e tenho certeza que outras mulheres na força de trabalho também viram — é que é extremamente desconfortável perguntar sobre a igualdade de remuneração. E se você questiona algo que parece desigual, dizem que não é disparidade de gênero, mas eles não podem dizer o que é exatamente", afirmou Jennifer Lawrence.
Emma Watson
Emma Watson também sempre fez questão de defender os direitos das mulheres com unhas e dentes. A atriz britânica é Embaixadora da Boa Vontade da Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres), junto com sua nomeação, foi anunciado que sua parceria com a ONU seria iniciada na campanha HeForShe (Ele Para Ela, em tradução livre), um movimento de solidariedade pela igualdade de gênero e que incentiva que a luta não é apenas das mulheres.
Em 2014, ela fez um discurso de lançamento da campanha que teve uma repercussão global e entrou para a lista de pronunciamentos que são sempre lembrados. "Eu fui indicada para ser embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres, e quanto mais eu falo sobre feminismo mais eu me deparo com a realidade de que lutar pelos direitos das mulheres, muitas vezes, vira sinônimo de guerra dos sexos. Isso, com certeza, tem que acabar", destacou.
"Já vi homens sofrendo de doenças mentais e incapazes de pedir ajuda por medo de que isso soe menos "macho". Fato é que no Reino Unido o suicídio é a principal causa de mortes entre os homens entre 20 e 49 anos, superando acidentes de carro, câncer e doenças do coração", afirmou.
"Já vi homens serem frágeis e inseguros por terem uma imagem distorcida do que é o sucesso masculino. Eles não têm os benefícios da igualdade de gênero assim como nós", acrescentou.
"Quero que os homens participem disso para que suas filhas, irmãs e mães possam ser livres do preconceito e para que seus filhos tenham permissão de serem vulneráveis e humanos - que parem de abandonar algumas partes de si e sejam a versão completa e verdadeira do que podem ser". Emma Watson
Aplaudida diversas vezes durante os mais de 10 minutos em que discursou, a eterna Hermione Granger, da saga de filmes e livros Harry Potter, mostrou que cresceu e que é uma mulher engajada, ela ainda explicou o que feminismo significa e convidou os homens a se juntarem à causa: "feminismo é a crença de que homens e mulheres devem ter direitos e oportunidades iguais, sejam políticos, econômicos e sociais".
Confira, abaixo, o discurso na íntegra:
Nicole Kidman
Nicole Kidman, que atua como Embaixadora da Boa Vontade para o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM) sempre comentou sobre os direitos das mulheres em suas redes sociais. Durante o Festival de Cannes de 2017, onde o filme O estranho que amamos (2017), da cineasta Sofia Coppola concorreu à Palma de Ouro de Melhor Filme, a atriz australiana mandou um recado bem claro: precisamos de mais mulheres como diretoras!
"Dos filmes dirigidos em 2016, segundo o Women in Filmming, 1,2% foram dirigidos por mulheres. Só 193, das 4 mil séries para a TV, foram dirigidas por mulheres. Estes números dizem tudo. Estas estatísticas falam de algo muito importante hoje. Como atrizes, a gente tem que apoiar as diretoras mulheres. Tenho esperança que este cenário mude ao longo do tempo. E quando alguém disser que é tão difícil, vamos poder dizer que não é", disse Kidman.
Viola Davis
A atriz americana é a primeira mulher negra a vencer nas três principais premiações na categoria de atuação. Ela se consagrou na chamada "Tríplice Coroa de Atuação", que é um termo para descrever atores premiados em três diferentes veículos: Cinema (Oscar), Teatro (Tony) e Televisão (Emmy). Viola Davis luta pelo espaço das mulheres negras.
Em entrevista à jornalista Tina Brown, a artista desabafou sobre discriminação e desigualdade salarial na indústria da sétima arte, em fevereiro de 2018. "Eu tenho que lutar pelo meu valor. É isso que sinto que estou fazendo. Eu consegui o Oscar, o Emmy, os dois Tonys. Fiz Broadway, fiz fora da Broadway. Fiz TV, fiz filme. Fiz tudo isso. Eu tenho uma carreira que provavelmente é comparável a Meryl Streep, Julianne Moore, Sigourney Weaver. Todas elas vieram de Yale, de Juilliard, de NYU. Eles percorreram o mesmo caminho que eu, e ainda assim não estou nem perto delas. Nem perto do dinheiro, nem perto das oportunidades de trabalho, nem perto disso", destacou.
"Mas eu tenho que pegar o telefone e escutar: 'Você é a Meryl Streep negra'. 'Não há ninguém como você.' Ok, então se não há ninguém como eu - e você acredita nisso - você vai me pagar o que eu mereço", finalizou Davis.
Confira, abaixo:
Viola Davis fala sobre racismo na indústria, disparidade salarial e falta de oportunidade. @violadavis pic.twitter.com/gsZP5YR6qr
%u2014 eolor (@revistaeolor) July 1, 2020
Daniela Mercury
A rainha do axé music, que tornou público seu relacionamento com a jornalista Malu Viçosa em 2013, se tornou uma importante defensora da comunidade LGBTQIA e das mulheres.
"A LGBTfobia é estrutural e não é da noite para o dia que vamos vencê-la, mas cada um que se liberta, liberta outros. E assim vamos mudando o mundo, quebrando tabus e celebrando a nossa orientação sexual e identidade de gênero com muito orgulho". Daniela Mercury
Fazendo do mundo todo o seu palco, a artista não se omite. A cantora baiana faz questão de se posicionar politicamente e é assumidamente contra o governo do presidente da República Jair Bolsonaro (PL).
"No Brasil, aceitamos muita coisa calados. E sem luta, não há conquista." "Há muitas maneiras de lutar. Eu prefiro todas." "A luta contra o preconceito é eterna. O risco de violência é contínuo." "A gente só se liberta coletivamente. É muito difícil confrontar um preconceito assim sozinho." "Se não lutarmos pela democracia agora, temos grande risco de perdê-la." Todas essas frases foram ditas pela mesma pessoa: Daniela Mercury em entrevista à revista Vogue Brasil no ano passado.
Pitty
A roqueira baiana tem um longo histórico de posicionamentos relacionados ao feminismo e sempre fez questão de defender os direitos das mulheres, seja nos palcos, nas redes sociais e na TV. Entre os temas abordados pela cantora estão a pressão estética sofrida pelas mulheres, a necessidade de acabar com a ideia de competição feminina e o fato da mulher ainda não tem o direito de decidir o que quer fazer com o próprio corpo.
Em março de 2021, Pitty criticou em entrevista ao jornal Destak a gestão da ministra Damares Alves no ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, refletindo que ela "não contribui para a emancipação feminina".
"É sobre direito de escolha, sobre autonomia", disse ela, ao ser perguntada sobre Damares e as ações do ministério do governo de Jair Bolsonaro (PL). "Regras morais ou dogmas religiosos devem ser seguidos por quem assim os deseja". "A sociedade se acostumou a tratar o corpo feminino como coisa pública, e a vontade da mulher como secundária", acrescentou.