O jogador de vôlei Douglas Souza, o primeiro campeão olímpico abertamente gay do vôlei masculino brasileiro, precisou se impor no esporte para ser aceito. Ele também acredita que, um dia, o preconceito irá acabar.
O jogador de vôlei Douglas Souza, o primeiro campeão olímpico abertamente gay do vôlei masculino brasileiro, contou que precisava se impor para ser aceito dentro do esporte.
"Não é que eu era superaceito, que todo mundo adorava o “viado” no time, não, mas eu me fazia ser, porque iam precisar de mim, na minha cabeça era isso. Sempre deixei isso muito claro, porque eu sabia que, se ficasse entre o Douglas e o heterozinho padrão, iam ficar com o heterozinho padrão. Então eu sempre tentei o meu máximo para que o time precisasse de mim, que precisasse do Douglas para ganhar jogos, para ganhar campeonatos. Eu meio que forçava, 'vai me aceitar, sim'", afirmou ao site ge.
Para ele, é "meio exaustivo" ter que falar sobre sexualidade dentro do esporte todo ano. "Mas infelizmente é uma coisa que a gente tem que falar. [Estamos em] 2024 e a gente ainda está falando sobre isso, 'Ah, o Douglas é homossexual', tá, mas e daí? O Douglas vai ser cobrado do mesmo jeito, sendo homossexual, sendo heterossexual, sendo o que for, ele vai ser cobrado se não tiver 50, 60, 70% de ataque em um jogo."
Douglas espera que, em alguns anos, a sexualidade seja tratada com mais naturalidade pelas pessoas, sem precisar ter um grande debate sobre isso. "Mas eu entendo que a gente precisa, porque infelizmente muita gente sofre muito preconceito, as portas se fecham para muitas pessoas só por conta da sexualidade", destacou.
E ele ainda acredita que, um dia, o preconceito irá acabar. "Não sei se vou estar vivo para isso, infelizmente, mas eu acredito. Eu acredito que principalmente agora com essa nova geração, a geração Z. Eles estão vindo totalmente diferentes, com informação muito diferente, com a cabeça muito diferente."
Respeito
Após o Cruzeiro anunciar a contratação de Douglas, o time pediu que as pessoas respeitassem o atleta. Segundo Douglas, a atitude do time foi bem legal. "Mas infelizmente é nesse ponto que a gente precisa chegar. Uma grande instituição ser obrigada a fazer um post na rede social para pedir, para deixar claro, que não tem nenhum tipo de preconceito, para todo mundo tentar respeitar e não sei o quê", disse ao ge.
"Se o Cruzeiro fosse preconceituoso, eles jamais iriam contratar um homossexual, então o preconceito já não existe só na contratação. Eu estou muito tranquilo", disse ele, que irá se casar com seu companheiro Gabriel, no ano que vem.
"A minha família adora o Gabi, sempre trataram ele muito bem. O casamento vai ser ano que vem. Teve pedido. Eu pedi ele [em casamento] no ano passado. Fez um ano e um pouquinho agora, a gente já tá começando a correr atrás de tudo."