Emerson Ferretti, que já defendeu o Flamengo e o Grêmio como goleiro, ganhou destaque ao se tornar o primeiro presidente de um clube brasileiro abertamente gay, o Bahia. No entanto, Emerson enfrentou dificuldades por estar em um espaço onde o preconceito ainda é prevalente.
“Passei décadas dentro de um campo de futebol escondendo quem realmente sou. Só em 2022, decidi assumir minha homossexualidade publicamente, algo que nenhum ex-jogador havia feito no Brasil”, disse em relato à Veja. Atualmente, o ex-goleiro namora o bailarino Jordan Dafner.
Emerson destacou que passou por anos de solidão, imerso em um ambiente machista e preconceituoso. No entanto, ele decidiu aguentar, não renunciando ao seu sonho de se tornar um goleiro. “Morria de medo de ser descoberto. Só fui ter coragem para me relacionar com outro homem depois dos 21 anos. Escondido, evidentemente”, revelou.
Com apenas 20 anos, Emerson já ocupava o posto de goleiro titular do Grêmio, o que trouxe não apenas a fama, mas também uma pressão adicional. “Nunca apareci rodeado por mulheres, nos bares e casas noturnas, nem ao lado de namoradas, como costumam fazer os jogadores héteros. Meus próprios companheiros de equipe começaram a desconfiar de mim e a soltar piadinhas no vestiário”, comentou com a Veja.
Emerson disse ainda que precisou de muita inteligência emocional para enfrentar comentários preconceituosos de adversários e ataques homofóbicos da torcida, lamentando que essa ainda seja uma realidade comum nos estádios.
O ex-goleiro comentou que compreende aqueles que optam por esconder quem realmente são, pois querem evitar se tornar o foco das atenções e possíveis consequências negativas em decorrência disso. “É claro que há muitos homens gays no futebol, mas isso é ignorado. Namoradas e até mulheres de fachada são mais comuns do que se imagina.”
Emerson expressou a sensação de poder quebrar estereótipos como o de que homossexuais não são bons em campo, e enfatizou que recebeu apoio nessa missão. Ele ressaltou que não enfrentou nenhum comentário negativo ou piada por parte do clube Bahia.
“Contar minha história é uma forma de inspirar meninos gays que pretendem ser jogadores a ter coragem de fazer o mesmo. Deixar de encenar um personagem depois de tanto tempo foi libertador. Doa a quem doer, este é o Emerson de verdade, que nunca mais vai ter de se esconder”, declarou à Veja.