A Adidas anunciou o fim da parceria com o rapper Kanye West depois das falas antissemitas do artista. O comunicado foi divulgado nesta terça-feira, 25. Ele já havia sido banido do Twitter e do Instagram pelas declarações.
Com o fim do vínculo contratual, a empresa deixará de faturar aproximadamente € 250 milhões (R$ 1,32 bilhão). Outras marcas como Gap e Balenciaga também romperam com o músico depois da polêmica.
Em nota, a Adidas esclareceu que a decisão terá efeitos imediatos. "Os comentários e ações recentes de Ye são inaceitáveis, odiosos e perigosos, e violam os valores de diversidade, inclusão, respeito mútuo e justiça da empresa", disse no comunicado.
A marca informou ainda que irá suspender todos os pagamentos ao rapper e às suas empresas, além de encerrar a produção da linha de roupas e calçados Yeezy.
As ações da Adidas chegaram a cair até 5,8% na Bolsa de Frankfurt nesta terça-feira, atingindo seu menor patamar desde 2016.
Entenda o caso
A publicação original de Kanye West dizia o seguinte: "Estou um pouco sonolento esta noite, mas quando eu acordar vou 'death con 3' no povo judaico". O termo seria uma referência ao termo militar "defcon", que significa um sistema de escala de ameaças das Forças Armadas dos Estados Unidos.
"O engraçado é que, na verdade, eu não posso ser antissemita porque as pessoas pretas também são judias. Vocês brincaram comigo e tentaram boicotar qualquer um que tenha se oposto à sua agenda", completou ele.
O Comitê Judaico Americano (AJC) acusou West de promover "ódio aos judeus". E, após a repercussão negativa do caso, o rapper veio a público para tentar se explicar.
"Eu vou dizer que sinto muito pelas pessoas que eu machuquei com a confusão do 'death con'. Eu sinto que eu causei dor e confusão. E eu sinto muito pelas famílias das pessoas que não tinham nada a ver com o trauma que eu passei, e que eu usei a minha plataforma, em que você diz que pessoas feridas machucam outras pessoas, e eu me machuquei", argumentou ele.
Antes do caso, West havia polemizado ao usar uma camisa com os dizeres "White Lives Matter" ("Vidas Brancas Importam"). O rapper negro fez a aparição durante a Paris Fashion Week, causando revolta não somente aos movimentos pelos direitos dos negros, mas também a todos que apoiam o slogan "Black Lives Matter" ("Vidas Negras Importam").
Trata-se de uma apropriação do famoso slogan "Black Lives Matter" (Vidas negras importam), emblemático durante os protestos antirracistas do verão de 2020 nos Estados Unidos, e uma alusão ao movimento.