Um adolescente de 17 anos foi apreendido em Itanhaém, no litoral de São Paulo, com artigos nazistas e armas após a Embaixada dos Estados Unidos emitir um alerta. Segundo a Polícia Civil, ele é suspeito de planejar um ataque na cidade. Entre os artigos nazistas encontrados, foram apreendidos livros sobre o ditador Adolf Hitler. O pai dele, de 47 anos foi preso.
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A apreensão ocorreu por volta de 12h de quinta-feira, 1º, em uma residência no bairro Cidade Anchieta. Ao Terra, a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Itanhaém informou que a equipe recebeu um relatório da Homeland Security Investigations (HSI), Departamento de Segurança Interna no exterior, que monitorou o comportamento do adolescente nas redes sociais.
Na investigação, os policiais descobriram que o rapaz já vinha apresentando comportamento incomum na escola, nas redes sociais e também já tinha registro de violência doméstica. Nas conversas interceptadas, inclusive, ele mencionava acesso a uma arma de fogo, no entanto, a polícia constatou que o pai dele, com quem mora, não possui registro de armamento no sistema.
As autoridades, em posse dessas informações, solicitaram um mandado de busca e apreensão, deferido pela 3ª Vara Criminal de Itanhaém. Na quinta, a polícia se direcionou à residência, onde foram recebidos pelo pai do adolescente.
Reação do adolescente e do pai
Inicialmente, ele negou manter uma arma de fogo, no entanto, seu filho apresentou o item, bem como capacete, chapéu e botas. O adolescente foi questionado sobre as conversas referentes à supremacia branca, antissemita, racista, misógina e de possíveis ataques em escola, mas negou. Em resposta, ele alegou que os policiais deveriam provar as acusações.
Em busca no quarto do adolescente, os agentes encontraram sobre a cama as botas e chapéu reverenciando o exército soviético, e em seu guarda-roupa, um "mini-altar" reverenciando Hitler, bandeiras nazistas e uma arma de fogo, aparentemente inoperante.
Também foram localizados o capacete com símbolo da suástica e máscara com desenho de caveira, os mesmos objetos que ele usa na foto postada na rede social. Após o achado, ainda segundo a Polícia Civil, o adolescente passou a adotar uma conduta agressiva, dizendo a um dos agentes: "Preto nojento, vocês deveriam morrer, seus nojentos, pode vir pra cima seu preto nojento". Ele também tentou avançar contra os policiais, mas foi contido e algemado.
Os policiais ainda encontraram uma arma que teria sido herdada do avô, por parte de pai, dentro de uma estante, que apesar de ter fechadura, as chaves estavam em um local de fácil alcance, o que possibilitaria o menor de idade a pegá-la. O armamento estava carregado e pronto para o uso.
Também foi encontrado um soco inglês com uma faca acoplada que, segundo o pai do adolescente, foi confiscada dias antes. Uma faca foi encontrada dentro do veículo da família.
O homem foi questionado se sabia das ações do filho e dos livros de conteúdo nazista, e alegou que os livros foram dados por uma ex-companheira, "a título de curiosidade", e que o celular utilizado pelo adolescente era seu, mas que nunca tinha visto as conversas. Ele também afirmou que não percebeu a adoração do filho pelo seguimento nazista, e apenas recebeu alguns comunicados da escola, referente a um grande número de faltas.
Celular continha provas
Ao analisar o celular do adolescente, as autoridades identificaram conversas em que uma pessoa negociava armas com ele, além de vídeos de agressão, culto ao nazismo, e massacres.
Outra imagem encontrada pela polícia é de 12 de maio deste ano, quando ele agride um homem em situação de rua, que estava dormindo. Ele aparece no vídeo atingindo-o na cabeça com uma pedra. Ao que tudo indica, a ação foi filmada e compartilhada entre o grupo.
Os policiais também tiveram acesso a vídeos em que o adolescente aparece apresentando seus trajes ao grupo e fazendo saudação a Hitler. O celular foi encaminhado para o setor de inteligência da Polícia Civil para passar por perícia. O caso foi registrado como posse de arma/ato infracional de resistência, preconceito de raça.