A drag queen Alexia Twister venceu o Prêmio Shell de Teatro 2025 por sua atuação como rei Lear, destacando-se com um elenco de artistas drag queens. Em seu discurso, celebrou como um marco coletivo para a comunidade drag.
A drag queen Alexia Twister entrou para a história do teatro brasileiro ao vencer o Prêmio Shell de Teatro 2025 na categoria de melhor ator. A premiação, realizada na noite da última terça-feira, 18, no Teatro Riachuelo, no Rio de Janeiro, reconheceu sua performance como o rei Lear na adaptação da tragédia de William Shakespeare montada pela Cia. Extemporânea.
A montagem chamou atenção por seu elenco composto exclusivamente por artistas drag queens, e Alexia brilhou no papel do monarca atormentado. A cena em que Lear enfrenta uma tempestade foi um dos momentos mais impactantes da peça, destacando a intensidade e entrega da artista.
Em seu discurso de agradecimento, Alexia celebrou a conquista como um marco coletivo. “É a primeira vez que uma de nós sobe nesse palco”, disse, dedicando o prêmio a todas as drag queens e relembrando aquelas que vieram antes, abrindo caminho em meio a desafios e preconceitos.
Uma carreira consolidada
A trajetória de Alexia Twister começou em 1996, quando Matheus Moreira de Miranda, então com 17 anos, foi inscrito por um amigo em um concurso de transformistas – termo usado na época para drag queens – em São José dos Campos (SP). O nome foi escolhido na hora: Alexia Twister. Desde então, a personagem cresceu e se consolidou como uma das drags mais respeitadas do Brasil, acumulando experiências em dança, teatro e performance.
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O talento multifacetado levou Alexia além dos palcos. Em 2020, ao lado de Gloria Groove, comandou o reality show “Nasce uma Rainha”, da Netflix, ajudando aspirantes a drag queens a encontrarem sua identidade artística. Mesmo com décadas de experiência, a artista precisou se reinventar para trabalhar com vídeo. “Sempre tive dificuldade, sou do teatro”, contou em entrevista ao Globo.
Arte e resistência
Ao longo de mais de 25 anos de carreira, Alexia Twister viu o cenário drag brasileiro evoluir, mas ainda enfrenta desafios. “A arte drag no Brasil é marginalizada. Temos que ser autodidatas em tudo: maquiagem, figurino, peruca, contratos. Isso nos torna artistas completas, mas é exaustivo”, reflete.
Apesar das dificuldades, Alexia segue movida pela paixão. “O que me faz permanecer na arte drag até hoje é o amor por estar em cena, pelo ensaio, pelo estudo", disse em produção da RedBull. Para ela, Alexia e Matheus são inseparáveis. “Um só existe porque o outro existe.”