Um dos amigos do ex-jogador Robinho, condenado a nove anos de prisão por estupro coletivo, afirmou que gostaria que as autoridades brasileiras ouvissem o que ele sabe sobre o encontro entre os amigos do atleta e a jovem albanesa que os denunciou por estupro. Clayton Florêncio dos Santos, conhecido como Claytinho, falou sobre o caso em entrevista exclusiva ao podcast Grampos de Robinho, do UOL.
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"Eu gostaria muito que as autoridades brasileiras olhassem com carinho para esse caso, convocassem todos [para falar]", disse ele.
Robinho foi preso em Santos, no último dia 21, e está na Penitenciária 2 de Tremembé, no interior de São Paulo, onde deverá cumprir a sentença, decidida em última instância na Itália em 2022. Como ele deixou o país antes e ser processado, não foi preso lá. Após o STJ decidir que o ex-jogador deve cumprir a pena no Brasil, o pedido de prisão imediata foi expedido. Ele deve cumprir a sentença em regime fechado, uma vez que o crime é considerado grave e tem pena maior que 8 anos de prisão.
Claytinho está entre os quatro brasileiros acusados de estupro pelo Ministério Público da Itália, porém, nunca enfrentaram julgamento devido à impossibilidade de serem localizados pelas autoridades italianas. Ele também expressou preocupação com a possibilidade de ser detido caso o processo seja reaberto. No entanto, ressaltou que não aguardará uma eventual prisão para se manifestar. "Eu vou deixar a Justiça me prender sem eu me defender?", questionou.
Ao site, o amigo de Robinho afirmou que gostaria de ter se posicionado antes sobre o caso, mas que "não podia falar".
"Antes que me prendam, que saibam a verdade. Aí vai das autoridades: 'Porra, vamos deixar ele lá ou não, o cara tá falando a verdade ou não? Opa, vamos investigar isso direito'. Infelizmente o Robinho não é o Clayton, porque se o Robinho fosse o Clayton, se o Clayton fosse o Robinho, eu já teria, desde o início, procurado a imprensa: 'Ó, fulana, tá aqui'. E até armava pra ir pra grade quem faz isso com o ser humano. Porque ela destruiu a vida de todo mundo, ela destruiu a carreira do Robinho", disse ele.
Em outra parte da entrevista, ele reforçou que gostaria que as autoridades brasileiras o convocassem para falar e acrescentou: "Infelizmente tem muita mulher oportunista".
Amigo defendeu Robinho
Claytinho também alega que não houve crime naquela noite de janeiro de 2013, mas uma ‘orgia’. “Estuprador tem que morrer na cadeia. Estuprador tem que morrer. Mas o Robinho não estuprou ninguém. Os amigos do Robinho não estupraram ninguém", alegou com exclusividade ao site.
O amigo contou que estava na noite do crime pelo qual o ex-jogador foi condenado, que ocorreu no barco Sio Café, em Milão. A vítima é uma mulher albanesa, com quem Claytinho tinha contato há cerca de um ano por uma rede social. Ele afirma ter achado estranho ver a jovem com mais de um amigo seu.
Ao longo da noite, a vítima teria bebido vodka, servida pelos brasileiros, mas negou que ela estivesse embriagada. "Ela estava sempre tomando, sempre bebendo. Tomava um drink, o copo sempre cheio, ela não virava."
Ao final da noite, ela passou mal “por causa da bebida”, admite o amigo de Robinho. Na ocasião, ela chegou a chorar por estar passando mal. “'Pô, estou passando mal, tenho que falar com as minhas amigas.' E vomitava”, esclareceu.
A Justiça italiana entendeu que a jovem estava inconsciente naquela noite, embora o ex-jogador e os amigos digam que as relações foram consensuais. "Participamos de uma orgia. Com a consciência de todo mundo", diz. No entanto, escutas de conversas entre eles sobre o caso ajudaram na investigação, e consequentemente, na condenação do atleta.
Outros envolvidos
Além de Robinho, o motorista Ricardo Falco também foi condenado pela justiça italiana, mas ainda espera saber se também deverá cumprir a pena em solo brasileiro. Clayton Santos, Fabio Galan, Rudney Gomes e Alex “Bita” Silva foram denunciados pelo caso, mas a ação está parada porque eles nunca chegaram a ser oficialmente informados da acusação, conforme a reportagem. Então, não poderiam se defender.
Claytinho é o único amigo de Robinho que não aparece nos clipes, usados como prova nas reportagens sobre o caso. Entretanto, nas gravações, o ex-jogador diz que ele participou do ato. Mas o amigo diz que as palavras dele foram em tom de brincadeira.
"O cara não cometeu crime nenhum. O único crime que o Robinho cometeu ali foi naqueles áudios, naquela brincadeira que ele fez. [...] Ele falou um monte de merda. Quem está com a gente, sabe: ele fala um monte de merda brincando. Destruíram a vida do Robinho. Eu me sinto muito preocupado também”, declarou.
Detalhes
Segundo Clayton, Robinho o chamou até a chapelaria em determinado momento da noite. “Cheguei lá, ela estava transando com o Alex, com o Falco. Mas estava transando normalmente. Fiquei até surpreso porque eu e ela, a gente tinha um carinho, a gente trocava ideia normal. Ela estava transando normalmente. Ela não estava totalmente bêbada. Eu tentei transar, não consegui. Eu lembro que o Galan também [tentou], acho que por causa do sarro, né? O Galan também não conseguiu”, afirmou.
O amigo também diz que o ex-jogador também tentou ‘transar’ com a jovem, mas não tinha camisinha. “Ela falava assim: 'Só com camisinha'. O Robinho, p*rra, tem a esposa dele, morre de medo. Imagina quantas mulheres querem sair com o Robinho, milhares”, alegou.
Ele declarou também que Robinho tem a ‘memória curta’, ‘tanta coisa na cabeça’ devido ao trabalho e marketing, e por isso, disse que ela estava bêbada nos áudios veiculados em reportagens.
“Então o Robinho falou bobagem. O Robinho falou coisas... Ali ele não sabe nem o que ele estava falando.” Clayton ainda defende os amigos, dizendo que ninguém estuprou a libanesa. “Participamos de uma orgia. Com a consciência de todo o mundo. Teve gente que conseguiu fazer e teve gente que não. Isso tá em todo lugar da sociedade. Eu frequentei durante muito tempo [casa de swing], e sempre com os amigos, 'vamos dar um pulinho ali'. Então, pra você ver, quem gosta disso, procure o local certo pra isso. Não sai por aí atacando ninguém, pegando ninguém à força, porque todos nós não precisamos”.