A apresentadora Susanna Reid, do ‘Good Morning Britain’, do canal britânico ITV, entrevistava um casal de mulheres em busca de financiamento do sistema público de saúde para conseguir fertilização e ter um bebê, quando fez uma pergunta inadequada.
“Quem quer ser mãe, quem será a mãe?”, questionou. A âncora deu a entender que só se tornaria mãe aquela que carregasse o feto no ventre. Megan e Whitney Bacon-Evans ficaram surpresas. “Bem, nós duas queremos ser mães”, respondeu uma delas.
Imediatamente, Susana percebeu o erro em sua colocação. “Desculpe, é claro que vocês duas querem ser mamães, claro que vocês duas serão mamães”, corrigiu-se. “Peço desculpas por essa insensibilidade.”
O casal de lésbicas riu da gafe. “Quem vai carregar o bebê (na barriga)?”, reformulou a jornalista. E a conversa continuou. Esse episódio repercutido na imprensa europeia reflete a dificuldade que as pessoas em geral têm de falar sobre os LGBTQIA+.
Susanna Reid, obviamente, não foi homofóbica nem quis desrespeitar as entrevistadas. Ela apenas falou por impulso, manifestando um pensamento não incomum, o de que mãe é aquela que gera e dá à luz.
Os comunicadores ainda pisam em ovos ao abordar as temáticas da diversidade sexual. Buscam uma linguagem politicamente correta enquanto temem o cancelamento por eventuais equívocos ao comentar sobre homossexuais, transexuais, não-binários etc.
Muitas vezes, infelizmente, membros da comunidade LGBTQIA+ fazem o julgamento sumário de quem erra, sem considerar o contexto e o histórico do profissional. É necessário ter bom senso para evitar radicalismos.
No Brasil, um momento de desinformação aconteceu com Luciano Huck no quadro ‘Quem Quer Ser um Milionário’, do ‘Caldeirão’. Ao interagir com um professor de inglês transexual, o apresentador se atrapalhou.
“Meu irmão também é gay e a gente aprende muito todos os dias”, disse, querendo ser simpático e inclusivo. Acontece que o professor não havia se identificado como gay, aliás, namorava uma mulher, o que faria dele um homem trans heterossexual.
Essa confusão entre identidade de gênero e orientação sexual é comum a quem não compreende bem as entrelinhas da sigla LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, transgêneros, queers, intersexuais, assexuais e outros).
Já na situação em que um jornalista age intencionalmente com preconceito, merece repreensão exemplar. Por exemplo, quando diante de um casal formado por homens, questiona “quem é a mulher da relação”. Escárnio incabível.