A apresentadora Angélica, de 49 anos, cobrou as autoridades por uma lei que projeta as mulheres em relação ao aborto. Para ela, o assunto é questão de política pública e não deve se misturar com religião.
“O aborto é um direito claro da mulher. Ela tem que poder decidir sobre o seu corpo. Não temos que misturar religião. Quantas meninas perdem tudo porque viram mães? Meninas que ficam fora da escola, mulheres que são mães solo, que morrem fazendo procedimento ilegal. Temos que ter uma lei em que a mulher tenha o direito de escolher", disse Angélica, em entrevista à revista Marie Claire.
Ao mesmo tempo que defende o direito de não ser mãe, ela exalta a riqueza que a maternidade lhe trouxe. “Assim que meus filhos nasceram eles já começaram a me ensinar coisas. Principalmente a ser menos egoísta. Comecei a ter que olhar pra eles e não mais só pra mim. Fiquei mais generosa, mais empática. Aprendi também a ter paciência – antes eu não tinha muita. E acho que eles trazem um frescor de volta pra mim. Não tive essa infância que eles tiveram, curti pouco. Eles me trouxeram isso que eu não conhecia: uma infância muito mais normal e livre”.
Angélica deixou a Globo há quatro anos. De lá para cá, ela engatou publicidades e foi contratada para apresentar programas no streaming. Cria da televisão, ela confessa que a transição foi um tempo de medo.
“Vivi o susto da mudança dos meios de comunicação há uns quatro anos, quando saí da TV. Eu já estava num processo de autoconhecimento, de querer me encontrar como pessoa, principalmente, e não como profissional, porque nessa parte achava que já estava tudo resolvido. Aí, quando comecei a perceber essa mudança, com os streamings chegando, vi que tinha que resolver também a parte profissional. E aí tive que olhar para trás para olhar para a frente. Tive que olhar o que fiz, o que construí e o que era para ver o que queria ser. O impacto inicial é apavorante porque você está ali protegida num formato, numa coisa quentinha, nos muros daquilo que domina, e aí vem a aventura de criar. Mas hoje vejo quanto isso combina comigo – essa coisa mais fluida, livre, de fazer um projeto aqui e outro ali. A liberdade é muito a minha cara, já que nunca a vivi. Sempre fui no padrão do que estava acontecendo, só que hoje não tem mais padrão. Está tudo diferente. Então eu, que gosto de comunicação e não quero me aposentar aos 50 anos, vou me adaptar, usar a minha experiência e aprender com quem não a tem, mas tem o frescor das coisas novas que eu não domino”, afirmou.