BRASÍLIA - A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, disse ter elaborado em conjunto com a primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, uma "lista tríplice" com nomes de mulheres negras a serem consideradas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na escolha da pessoa para ocupar a vaga em aberto no Supremo Tribunal Federal (STF).
"Ela (Janja) tem sido uma parceira de caminhada nesse ponto de chegar e falar: 'Olha, a gente tem esses nomes. Se o senhor quiser tem aqui essa lista tríplice. A gente sempre chega e fala, mas tem esse limite dele chegar e dizer: 'tudo bem, eu entendo, obrigado. A gente vai pautar. Ainda não decidi nada'", afirmou Anielle em café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto.
Em 132 anos de história, o STF teve 171 ministros. Só três são mulheres. Ellen Gracie, a primeira, foi indicada em 2000 por Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para a vaga deixada por Luiz Octavio Pires e Albuquerque Gallotti. Seis anos depois, Cármen Lúcia assumiu uma cadeira na Corte pela indicação de Lula, ainda em seu primeiro mandato.
O Estadão também mostrou que Janja acumulou poderes dentro da burocracia do Planalto ao ponto de ter poder de veto em algumas questões, especialmente àquelas relacionadas a minorias políticas. A primeira-dama tem sido uma das principais pessoas que tentam influenciar Lula para além da dicotomia entre Dino e Messias na disputa pelo Supremo.
O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, afirmou no café da manhã que Lula ainda não bateu o martelo quanto ao próximo ministro do STF e que a disputa não está restrita aos dois candidatos que despontam como favoritos. De acordo com ele, "um terceiro nome não é completamente descartado" e "não existe uma convicção de 100% (do Lula) para nada".
Fontes no Palácio do Planalto relatam em conversas reservadas que o objetivo do presidente é enviar ainda este ano os nomes dos indicados ao STF e à Procuradoria-Geral da República (PGR) para serem analisados pelo Senado.
A escolha para a PGR, segundo os interlocutores de Lula, já está mais avançada e tende a ser definida ainda nesta semana. Como mostrou o Estadão, a confirmação do nome do vice-procurador-geral eleitoral Paulo Gonet ao cargo é dada como "altamente provável", segundo informações de um ministro na condição de anonimato.
Já na Suprema Corte, Lula trabalha com mais tempo e deu início às conversas com o presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ), Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para garantir que a votação dos indicados ocorra rapidamente após a indicação.