Anielle Franco diz à PF que assédio de Silvio Almeida começou em 2022

Ex-ministro dos Direitos Humanos, que nega as acusações, foi demitido em setembro após o caso vir à tona

2 out 2024 - 15h58
(atualizado em 3/10/2024 às 09h16)
A ministra Anielle Franco foi uma das vítimas de assédio sexual praticado por Silvio Almeida, segundo denúncias
A ministra Anielle Franco foi uma das vítimas de assédio sexual praticado por Silvio Almeida, segundo denúncias
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil / Perfil Brasil

Em um depoimento revelador à Polícia Federal, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, confirmou ser vítima de assédio sexual pelo ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. A revelação marca a primeira vez que Anielle Franco oficializa a denúncia, trazendo à luz um problema grave e persistente nas esferas mais altas do governo.

Os incidentes alegados pela ministra começaram no final de 2022, durante o período de transição do governo liderado por Lula antes de sua posse como Presidente da República. Segundo Anielle, as "abordagens inadequadas" foram escalando até culminar em importunação física. A ministra relatou que tentou resolver a situação diretamente com Silvio Almeida, mas seus pedidos para que ele parasse foram em vão.

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Ministra Anielle Franco confirma abordagens inadequadas

Em seu depoimento à PF, Anielle Franco detalhou como as importunações começaram de forma sutil, mas foram se tornando cada vez mais invasivas. Ela contou que Silvio Almeida chegou a tocar em sua perna por debaixo da mesa durante reuniões públicas, insistindo nas abordagens por vários meses. A situação se tornou insustentável, levando-a a denunciar formalmente o ex-ministro.

Outras mulheres também buscaram a organização Me Too para denunciar Silvio Almeida, mas optaram por não revelar suas identidades publicamente. A demissão de Silvio Almeida, ocorrida em 6 de setembro, seguiu a revelação dessas acusações pelo portal Metrópoles.

Quais as implicações das denúncias contra Silvio Almeida?

O caso levantou numerosas implicações sobre a cultura de assédio no ambiente de trabalho, especialmente nos altos escalões do governo. Lula mandou ambos, Silvio e Anielle, prestarem esclarecimentos à Controladoria-Geral da União (CGU) e à Advocacia-Geral da União (AGU). O ex-ministro negou as acusações, enquanto Anielle confirmou oficialmente os relatos.

Como o governo está lidando com as acusações?

Diante das denúncias, Silvio Almeida contratou uma equipe de advogados composta por Juliana Faleiros, Nélio Machado e Fabiano Machado da Rosa para defendê-lo. O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, por sua vez, está sob escrutínio após a abertura de dez procedimentos para investigar supostos casos de assédio moral desde o início da gestão em janeiro de 2023.

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  • Diversas denúncias feitas por mulheres contra Silvio Almeida
  • Abertura de dez procedimentos para investigar assédio moral no Ministério dos Direitos Humanos
  • Ação conjunta da CGU e da AGU para investigar o caso

Anielle Franco tem uma trajetória marcada pelo ativismo social. Irmã de Marielle Franco, vereadora do PSOL do Rio de Janeiro assassinada em 2018, ela nasceu no complexo de favelas da Maré e possui formação em jornalismo e literatura. Recentemente, concluiu seu mestrado em relações étnico-raciais pelo CEFET/RJ e casou-se com Carlos Frederico da Silva no final de julho de 2023.

O impacto das denúncias de Anielle Franco vai além do ambiente governamental, dando visibilidade à luta contra o assédio sexual e moral no ambiente de trabalho. A ministra ressaltou que tentativas de culpabilizar ou constranger vítimas só alimentam o ciclo de violência, alertando para a necessidade de uma cultura de respeito e igualdade.

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