Os ministros Flávio Dino (Justiça) e Silvio Almeida (Direitos Humanos) se manifestaram em apoio ao jogador brasileiro Vini Jr., vítima de racismo em partida do Real Madrid contra o Valencia, no domingo, 21, pelo Campeonato Espanhol. Os auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pressionaram pela punição ao crime cometido, bem como cobraram o posicionamento de patrocinadores da La Liga.
Embora acredite que a Espanha deva "cumprir seu papel", Flávio Dino afirmou que o Brasil pode tomar medidas excepcionais em caso de omissão do governo espanhol, usando o princípio da "extraterritorialidade".
"Estamos, no âmbito do Ministério da Justiça, estudando a possibilidade de aplicação de um princípio chamado da 'extraterritorialidade'. O Código Penal prevê que, em algumas situações excepcionais, é possível que, no casos de crimes contra brasileiros, mesmo no exterior, haja aplicação da lei brasileira", disse Dino em evento da Lide.
Já ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, repudiou nesta segunda-feira os ataques sofridos pelo jogador e, em comunicado à imprensa, apontou o "silêncio conivente com o racismo" das autoridades espanholas, das organizações do futebol europeu e de parte da imprensa.
"É importante que a gente saiba que isso não é um caso isolado. O Vini Jr. já foi vítima de ofensas racistas em outras ocasiões, e me parece que as autoridades espanholas, as organizações que tratam do futebol na Europa, a liga espanhola, os patrocinadores, parte da imprensa, simplesmente se mostraram coniventes com os atos racistas", declarou Silvio.
"Essa violência racista contra o Vini Jr. demonstra que existe um problema muito maior, e que tende a se espalhar para muito além do campo e do estádio. Então, nós temos um problema político, de grande monta, o que justifica, inclusive, as manifestações por parte do Estado brasileiro", frisou Almeida.
O ministro destacou ainda que Vini é um dos maiores jogadores do mundo, mas, mesmo assim, sofre com o racismo na Espanha, e disse temer o mesmo tratamento para outros negros na Europa.
"Tem alguma coisa muito errada acontecendo na Europa, acontecendo no futebol europeu, em especial, e que eu acho que denota que coisas mais graves do ponto de vista das relações sociais estão acontecendo ali", enfatizou o ministro dos Direitos Humanos.
Racismo é crime. Saiba como denunciar
Racismo é crime, com pena prevista de até 5 anos de prisão. Ao presenciar qualquer episódio de racismo, denuncie. Você pode fazer isso por telefone, ligando 190 (em caso de flagrante) ou 100 a qualquer horário; pessoalmente ou online, abrindo um boletim de ocorrência em qualquer delegacia ou em delegacias especializadas.
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