O apoio a um referendo para reconhecer constitucionalmente os povos indígenas da Austrália caiu ainda mais, e a proposta histórica deve fracassar em uma votação nacional daqui a cerca de três semanas, segundo duas pesquisas de opinião nesta segunda-feira.
O apoio a "Voz ao Parlamento", um comitê indígena para aconselhar o Parlamento sobre questões que afetam os aborígenes e os habitantes das Ilhas do Estreito de Torres, caiu para 33%, 15 pontos a menos do que em maio, de acordo com a pesquisa da Australian Financial Review (AFR)/Freshwater. O voto "Não" chegou a 50%.
Apesar da campanha do governo trabalhista liderado por Anthony Albanese para conquistar eleitores indecisos, a oposição ao referendo aumentou três pontos, chegando a 56%, segundo uma pesquisa Newspoll realizada para o jornal The Australian. O apoio caiu de 38% na pesquisa anterior, para 36%.
A alteração da constituição exige um referendo nacional na Austrália e apenas oito foram aprovados desde 1901, quando o país foi formado. A proposta precisa obter a maioria dos votos em toda Austrália e pelo menos quatro dos seis Estados precisam apoiar a mudança.
A Austrália, que realizará a votação do referendo em 14 de outubro, não tem nenhum tratado com seus povos indígenas, que representam cerca de 3,2% de sua população de 26 milhões de habitantes. Eles foram marginalizados pelos governantes coloniais britânicos e não são mencionados na constituição de 122 anos.
O debate sobre o referendo dividiu opiniões, com os apoiadores argumentando que o Voz trará progresso para a comunidade aborígine, enquanto os oponentes afirmam que ela causará divisão.
Os eleitores que mudaram sua posição para rejeitar a proposta nos últimos cinco meses disseram que o Voz está criando uma distração em relação aos seus dois principais problemas -- o custo de vida e o custo de moradia, segundo a pesquisa AFR.
Ela também mostrou que os índices de aprovação de Albanese, que apostou um capital político significativo no referendo, caíram 5 pontos, para 46%.
Na pesquisa da Newspoll, os índices de Albanese melhoraram ligeiramente para 47%, embora tenham permanecido em níveis historicamente baixos, enquanto que, em uma base de preferência bipartidária, os trabalhistas tiveram uma vantagem de 54% a 46% sobre a coalizão conservadora da oposição.