Após denunciar invasão de terras na ONU, líder indígena é encontrado morto

Tymbektodem Arara, da Terra Indígena Cachoeira Seca, no Pará, discursou na ONU e foi escoltado até a aldeia após ameaças

31 out 2023 - 17h37
(atualizado às 17h43)
Tymbektodem discursou na sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU semanas antes da sua morte
Tymbektodem discursou na sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU semanas antes da sua morte
Foto: Reprodução: Instagram/conectas

A Polícia Federal está investigando a morte do líder indígena Tymbektodem Arara, na Terra Indígena Cachoeira Seca, no Pará. No dia 14 de outubro, seu corpo foi encontrado em um rio. A suspeita é de afogamento, de acordo com as informações do g1.

Tymbektodem esteve na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na Suíça, 16 dias antes de sua morte para denunciar a invasão de terras na Terra Indígena Cachoeira Seca. Ele discursou na sessão do Conselho de Direitos Humanos.

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"Somos um povo de contato inicial, viemos aqui para exigir que se respeite nossa vida e nosso território. Sofremos muitas invasões. A demarcação só ocorreu 30 anos depois do contato com os não indígenas, em 2016", disse ele.

Alvo de uma corrida por madeira, a TI Cachoeira Seca teve 697 km² de sua floresta desmatada, entre 2007 e 2022, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). 

Quando estava na Suíça, o indígena recebeu áudios de fazendeiros. "Tanto ele quanto o cacique receberam áudios, nenhum dizendo 'Vou te matar', mas 'Ah, você está aí? Que bom que está defendendo sua terra'. 'Vocês não têm medo?', 'O que estão fazendo aí?' E eles ficavam dando perdido, dizendo que era para apresentar a cultura Arara", informou ao g1 uma pessoa que acompanhou Tymbektodem na ONU.

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No Brasil, a Força Nacional escoltou o líder indígena e o cacique Arara desde a sua chegada no Pará até a Terra Indígena. Dois dias depois, Tymbektodem Arara morreu.

Em 14 de outubro, data da sua morte, o indígena estava em um barco com dois ribeirinhos locais no Rio Iriri, voltando para a aldeia após beberem. Segundo informações do G1, até o momento, existem duas versões para a morte de Tymbektodem. O indígena se jogou do barco para nadar e se afogou, e os dois ribeirinhos tentaram salvá-lo, diz uma das versões. A outra indica que ele foi jogado do barco pelos ribeirinhos e não conseguiu nadar por estar bêbado.

No mesmo dia, pessoas da região tentaram encontrar o líder indígena, mas seu corpo foi encontrado apenas no dia seguinte, de acordo com os relatórios do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), vinculado ao SUS e ao Ministério da Saúde. 

Profissionais que trabalham na proteção dos indígenas Arara foram ouvidos pelo G1. Segundo eles, a Polícia Federal de Altamira, que está investigando o caso, não visitou o local onde Tymbektodem morreu, mesmo após duas semanas.

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Lideranças Arara indicam que há cerca de 2 mil invasores perto da Terra indígena, já os habitantes da terra não ultrapassam 200. A instalação da hidrelétrica de Belo Monte seria um dos motivos para a presença deles na região.

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Fonte: Redação Nós
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