Arte nas ruas das capitais brasileiras pede ministra negra no STF

A intervenção faz parte da mobilização para o Brasil ter sua primeira representante negra em uma cadeira da suprema corte Texto: Patricia Santos | Foto: Naetê Andreo

18 set 2023 - 09h20
Mulher negra, de costas passando ao lado do mural a céu aberto, com 24 obras, pedindo uma ministra do STF negra.
Mulher negra, de costas passando ao lado do mural a céu aberto, com 24 obras, pedindo uma ministra do STF negra.
Foto: Naetê Andreo / Alma Preta

A mostra "Juízas Negras Para Ontem" tomou às ruas de pelo menos 14 capitais brasileiras com obras pelos muros, postes e calçadas, que visam ampliar a discussão e reforçar a necessidade da indicação de uma ministra negra para o Supremo Tribunal Federal (STF).

A iniciativa convidou 24 artistas negros a produzirem cartazes que foram distribuídos pelas cidades, transformando as ruas em espaço de exposição democrático, aberto e acessível a todos.

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No último mês, outras ações de movimentos sociais, celebridades e lideranças políticas também demandaram do Presidente Lula essa indicação.

A diretora de arte, curadora da mostra e membro do Manifesto Crespo, Nina Vieira, destaca que ter uma mulher negra no supremo vai além do reconhecimento de um corpo preto na cadeira, mas sim a representação de uma reparação histórica.

"Ter uma mulher negra no STF é uma questão de Justiça. Ocupar esse espaço de poder é uma ação de enfrentamento de injustiças históricas e um passo na reparação. Não faz sentido que a suprema corte do poder judiciário nacional não tenha representação equivalente ao que é o povo brasileiro. Desde o período colonial, o Brasil mantém a subalternização e excludência de pessoas negras", afirma.

Nesses 132 anos de existência, o STF teve apenas três ministros negros e três ministras - estas, todas brancas. Nunca um presidente nomeou uma mulher negra para a suprema corte. Essa desigualdade de raça e gênero no Supremo reproduz o que se vê no sistema judiciário brasileiro como um todo: apenas 7% dos magistrados de primeira instância e 2% na segunda instância são mulheres negras, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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As obras podem ser conferidas e baixadas no site da exposição.

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