A atriz, performer e ativista transexual Keyla Brasil está internada em estado “extremamente grave” em um hospital de Bangkok, na Tailândia, por complicações de cirurgia de resignação sexual, antigamente chamada erroneamente de ‘operação de mudança de sexo’.
Segundo a ONG portuguesa Opus Diversidades, a artista sofreu um mal-súbito durante o pós-operatório. Levada da clínica a um hospital público, foi diagnosticada com AVC (acidente vascular cerebral) isquêmico.
Pouco antes, ela havia postado um vídeo no leito de recuperação comemorando o sucesso da cirurgia. “Finalmente a pepeka chegou”, escreveu sobre a imagem em que aparece sorridente. (Assista abaixo.)
Segundo o site da Rede D’Or de Hospitais, “no AVC isquêmico, algumas partes do cérebro morrem e param de funcionar porque deixaram de receber o suprimento de sangue necessário para seu bom funcionamento, devido ao entupimento de veias e artérias cerebrais”.
Em post, a ONG que acolhe transexuais em Lisboa, onde Keyla Brasil vive, diz que o problema “afetou significativamente a saúde mental” da atriz. Uma atualização informou que será necessária uma cirurgia no cérebro. A família dela foi avisada e a Embaixada brasileira em Bangkok acompanha o caso.
Formada pela Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará, Keyla Brasil ficou famosa na imprensa lusa – e recebeu atenção desde blog – em janeiro, quando invadiu o palco do tradicional Teatro São Luiz, em Lisboa, interrompendo uma sessão da peça ‘Tudo Sobre Minha Mãe’.
Aos gritos, protestou contra uma atitude ‘transfake’, ou seja, a representação de uma pessoa transexual feita por um artista cis. No caso, um ator interpretava uma mulher trans.
“Desce do palco! Tenha respeito por esse lugar”, gritou a brasileira. As cortinas foram baixadas, deixando o elenco longe do olhar do público. “O que está acontecendo é um assassinato, um apagamento da nossa identidade enquanto travesti”, afirmou Keyla.
“Se contrataram quatro mulheres, três homens, por que não contratam pessoas trans para fazer a personagem?”
Alguns espectadores reagiram contra a manifestação. A atriz não se intimidou. “Sabe por que eu trabalho como prostituta?... Porque nós não temos espaço para estar aqui nesse palco, nesse lugar sagrado... Eu faria de graça esse espetáculo.”
Poucas horas depois, Keyla Brasil relatou numa rede social ter recebido mensagens de ódio e ameaças. Ela saiu de Lisboa por alguns dias por medo de represália.