Omar al-Fayed aponta que o pai, Mohamed al-Fayed, fingiu demência para evitar ser processado por estupro.
O empresário Omar al-Fayed, 37 anos, filho do bilionário egípcio Mohamed al-Fayed, já falecido, disse que o pai fingiu ter demência para não responder por acusações de estupro. A polícia britânica investiga Mohamed al-Fayed por ter abusado de ao menos 111 mulheres e meninas ao longo de quase 40 anos.
"Ele se safou alegando que era mentalmente incapaz", disse Omar em entrevista ao Daily Mail, publicada no último sábado, 7. Segundo ele, o pai, que não tinha demência, era "tão afiado quanto uma tacha".
O filho do bilionário egípcio ainda afirmou que as investigações deveriam ter "seguido seu curso quando ele ainda estava vivo". Mohamed al-Fayed morreu no ano passado, aos 94 anos, sem ser processado pelos crimes.
De acordo com as investigações, o bilionário usou a estrutura da empresa Harrods, da qual foi dono, para cometer e encobrir os crimes contra funcionárias. Em 2010, a empresa foi vendida ao fundo Qatar Investment Authority por 1,5 bilhão de libras.
Os crimes teriam ocorrido entre 1979 e 2013, segundo as autoridades britânicas. Mohamed al-Fayed foi preso em 2013 por suspeita de estupro, mas não foi formalmente acusado. Além disso, existem alegações de que policiais corruptos teriam ajudado o egípcio para que ele não fosse processado.
Segundo a imprensa britânica, a polícia recebeu novas denúncias contra Mohamed al-Fayed em 2017 e 2018, mas não teria prosseguido com os inquéritos porque o bilionário estava com demência e "velho demais".
Em 2017, um documentário do Channel 4 ouviu mulheres que relataram ter sido assediadas pelo empresário. A equipe do bilionário ainda tentou impedir a transmissão do documentário alegando que o homem estava "mentalmente incapacitado".
A Polícia Metropolitana não comentou sobre a alegação de demência de Mohamed al-Fayed. "É evidente que as investigações anteriores foram extensas e conduzidas por equipes especializadas que buscaram tomar uma decisão sobre a acusação em duas ocasiões. No entanto, sabemos que o contato e o suporte para algumas vítimas na época poderiam ter sido melhores. Somente após concluir esta revisão abrangente [dos casos] entenderemos completamente o que poderia ter sido feito de forma diferente", disse em comunicado ao jornal britânico.