A atriz Renata Gaspar, de 37 anos, contou que já foi homofóbica e sentiu repulsa ao ver duas meninas se beijando. Ela vive a personagem Mara em "Terra e Paixão", da Globo, que namora Menah, interpretada pela atriz Camila Damião. O casal lésbico, inclusive, não terá mais trama na novela, informou Renata nas redes sociais.
Renata é casada com a empresária Bebel Luz e é abertamente bissexual. Segundo a atriz, o romance entre mulheres na novela é uma referência de relacionamento LGBTQIA+ que ela não teve na juventude. Nascida em uma família conservadora, ela conheceu um "outro universo" quando entrou para o teatro.
"Me descobri bem homofóbica, na verdade. Fiquei obcecada por uma menina do grupo, pensava que ela era muito talentosa, muito bonita, não parava de falar nela. E ela namorava outra menina e a primeira vez que as vi juntas pensei: 'Eca!'", contou ao uol.
Apesar de não parar de pensar nessa menina, a atriz negou esse sentimento. "Tinha muita raiva e nojo. Toda aquela homofobia se voltou contra mim. Me odiava, odiei a menina. Foi um longo processo até o momento que falei 'é isso mesmo'", disse.
Renata disse que foi "coisa de primeira paixão" e "muito intenso". Na época, um amigo também estava descobrindo sua sexualidade e, por dois anos, eles trocaram os nomes das pessoas por quem se interessavam, além de inverter o gênero delas.
"Escondíamos um para o outro porque não tínhamos referência, não tínhamos com quem falar. Minhas amigas viam aquilo como algo muito errado, feio. Até que uma hora nos assumimos juntos. Ele me contou que, na verdade, todas aquelas meninas de quem ele contava histórias eram caras. Passamos pelo mesmo processo", explicou ela.
A família da atriz só soube da sua sexualidade aos 18 anos, quando ela namorou uma pessoa. Renata não foi bem recebida pelos familiares e ainda disse que, por muito tempo, foi algo "complicado" em sua família.
Violência de gênero
Em entrevista, Renata também falou sobre a violência de gênero. A sua personagem, Mara, se relacionou com um homem abusivo antes de se apaixonar por Menah. A atriz também viveu Stephany, personagem vítima de feminicídio em "Um Lugar ao Sol", da Globo.
Segundo ela, o tema está sendo mais explorado nas produções. "Antes, a violência de gênero ou doméstica seria retratada com um homem batendo em uma mulher. Agora, pelo menos a Globo tem feito isso, estamos contando que não é apenas isso. Minha personagem sofre uma violência patrimonial e não tem violência física. Também há abuso psicológico", contou ao uol.
"A cultura de violência sexual e patrimonial contra a mulher tem que ser mostrada e contada. Tudo isso é violento. Não é porque estou sendo amada e cuidada pelo meu marido ou pai que isso que não está acontecendo", afirmou.
Para ela, esse debate nas novelas se dá, principalmente, pela presença de mulheres no roteiro das novelas. "Hoje existem mais mulheres escrevendo, mais mulheres negras, mais mulheres trans, homossexuais. A diversidade que está refletida nos roteiros agora é por isso", destacou.