Brasileiro é agredido na Irlanda após homem perguntar sua nacionalidade

Roberto Gomes Júnior voltava do trabalho quando sofreu ataque xenofóbico em Limerick, no sul do país

19 abr 2024 - 14h03
(atualizado às 18h58)
Resumo
Um brasileiro foi vítima de xenofobia em Limerick, Irlanda, quando voltava de um trabalho com seu irmão. Roberto não é o único brasileiro atacado no país apenas nesta semana. Ele segue aguardando atualizações sobre a investigação do caso.
Brasileiro sofre ataque xenofóbico na Irlanda
Brasileiro sofre ataque xenofóbico na Irlanda
Foto: Reproduçã/Acervo Pessoal

Fazer um intercâmbio é o sonho de muitos brasileiros. Ao arrumar as malas e traçar planos para a estadia, os que embarcam nessa aventura pensam em tudo, menos em se tornarem vítimas de agressão em um país estrangeiro. Esse cenário triste aconteceu com um brasileiro que vive em Limerick, no sul da Irlanda. Roberto Gomes Júnior voltava do trabalho quando foi vítima de xenofobia por um homem que perguntou sua nacionalidade e, em seguida, arremessou um objeto em sua cabeça. 

Tudo aconteceu no último sábado, 13. Por volta das 22h40, Roberto Gomes Júnior, de 33 anos, voltava para casa com o irmão Leonardo, depois de um expediente de trabalho. Ao jornal O Globo, ele lembrou que pegou uma carona com amigos até um ponto mais próximo da residência, cerca de 15 minutos. 

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Foi nesse curto caminho que Roberto e Leonardo foram abordados por um homem.

"Quando estávamos atravessando uma faixa de pedestre próxima do nosso condomínio, um homem se aproximou e perguntou de onde éramos. Ele deu um ou dois passos e já virou me acertando com um objeto retirado da jaqueta (...) Demorou um pouquinho de tempo para entender o que tinha acontecido", detalhou ele, sobre o momento do ataque. 

Brasileiro foi aprender inglês

Apesar de ter se tornado um transtorno, o intercâmbio era o sonho de Roberto e seu irmão. Morador de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ele decidiu viver na Irlanda há dois anos. A ideia sempre foi aprender e aprimorar o inglês, idioma falado no país. 

Agressor perguntou nacionalidade de Roberto antes de atacar
Foto: Reproduçã/Acervo Pessoal

Para isso, o brasileiro se matriculou em um curso da língua em Limerick e tenta arcar com as despesas trabalhando no período livre das aulas. A escolha da cidade, segundo Roberto, foi por ter um custo de vida menor e uma boa segurança. 

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"Eu escolhi a Irlanda, porque queria aprender inglês. Vim para Limerick, porque tinha um custo de vida mais baixo, também parecia uma cidade mais tranquila e com uma segurança superior a Dublin, destino de boa parte das pessoas. Mas enquanto estive por aqui, notei que não era bem assim", relembra. 

Caso não é isolado

Em dois anos morando no país, essa é a primeira vez que o brasileiro foi agredido por sua nacionalidade. No entanto, o ataque não é um caso isolado na Irlanda. Na semana passada, outros dois brasileiros relataram ter sido vítimas de socos na mesma cidade, Limerick. Os agressores chegaram a filmar o momento e publicar no TikTok, mas o registro foi banido pela plataforma logo depois. 

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"Não somos os únicos. Nós [ele e o irmão Leonardo] ficamos sabendo de alguns outros casos durante nosso tempo aqui. E não é só contra brasileiros não, basta ser de outra nacionalidade", explicou Roberto. Na internet, muita gente acredita que a origem dos ataques é de um grupo conhecido como "knackers", ou "nanás", como são chamados por imigrantes do Brasil. 

Em um vídeo do influenciador de viagens João Victor Vasques, ele define os knackers como "o maior pesadelo dos brasileiros na Irlanda". "São jovens xenofóbicos que agridem, em especial brasileiros, latinos e indianos, com o intuito de fazer essas pessoas saírem do país imediatamente", explicou aos seguidores. 

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Trauma psicológico

Depois do trauma, Roberto procurou as autoridades locais para realizar uma queixa contra o agressor. No entanto, ele e o irmão seguem aguardando atualizações sobre as investigações. Por outro lado, os brasileiros encontraram apoio na embaixada do Brasil. Ao acionar o órgão, eles receberam ajuda com advogados e psicólogos. 

Cuidar da saúde mental, aliás, é essencial depois do episódio. Para Roberto, a recuperação física é muito mais fácil e rápida do que o trauma mental.

"O mais chato é como isso marca seu psicológico. Foi muito difícil para mim, porque a cena não saía da minha cabeça nos dois primeiros dias. Eu nem conseguia dormir direito. É muito ruim", desabafou ao O Globo

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Enquanto tentam se reconstruir após o ocorrido, Roberto e Leonardo têm recebido apoio de muitos irlandeses. Ele conta que tanto a imprensa quanto a população local estão demonstrando empatia e até se oferecendo para dar o suporte necessário. 

"Esse caso, assim como o do dia anterior, está ganhando manchetes por aqui. Então estou recebendo muitas mensagens de irlandeses envergonhados e dizendo que essas pessoas não representam o povo da Irlanda", contou. 

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O apoio dos irlandeses é bem-vindo, mas jamais será capaz de apagar a marca psicológica deixada nos brasileiros. Roberto admitiu que, depois de dois anos vivendo no país estrangeiro, pensa em ir embora: "Eu acho legal ver que estão notando o problema nesses ataques, mas sinceramente … Minha vontade é de ir embora. Só gostaria de ver os desdobramentos dos casos primeiro". 

Fonte: Redação Terra
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