O brasileiro Danilo Cavalcante, condenado a prisão perpétua pelo assassinato da ex-namorada e que está foragido nos Estados Unidos, mudou a aparência para despistar as autoridades. Agora, ele está sem barba e usando um veículo para se locomover, de acordo com a Polícia da Pensilvânia.
Na noite deste sábado, 9, ele foi flagrado por câmeras de segurança perto de Phoenixville, no norte do Condado de Chester. As imagens mostram que ele está sem barba, e vestindo um moletom com “capuz amarelo ou verde”, boné de beisebol preto, calça verde da prisão e sapatos brancos.
Ainda segundo as autoridades, ele dirige uma van modelo Ford Transit 2020 e placa ZST8818. Já na tarde deste domingo, 10, a polícia informou que surgiram pistas que indicam que Cavalcante não está mais em Phoenixville. No entanto, não foi informado em qual outra região ele foi visto depois.
Cavalcante fugiu na última quinta-feira, 31, e tem conseguido se manter longe do radar da polícia americana, invadindo casas e roubando comida. Para escapar da prisão de Chester County, ele escalou a parede do local, colocando as mãos na parede da frente e os pés na parede de trás, até chegar ao topo.
As autoridades informaram em uma coletiva que a busca por ele se estendeu a todo o condado de Chester e que os residentes próximos da prisão foram notificados da fuga. "Se você o vir, não se aproxime dele. Pedimos que você entre em contato com o 911. Ele é considerado extremamente perigoso", disse Deb Ryan, promotora distrital do condado de Chester.
A recompensa para quem achá-lo é de US$ 20 mil, quantia equivalente a R$ 100 mil.
Crime e condenação
Segundo o jornal americano Daily Local, o crime ocorreu em 2021, na cidade de Phoenixville, no estado da Pensilvânia. Na ocasião, o brasileiro esfaqueou sua ex-namorada até a morte na frente dos filhos pequenos dela. Depois, fugiu do local em um carro e foi preso no dia seguinte em Virgínia, após receber ajuda de dois amigos que testemunharam no caso.
A irmã da vítima relatou à TV Globo naquele ano que Danilo não aceitava o fim do relacionamento e, desde de 2020, ano anterior ao crime, já ameaçava Débora. A brasileira morava no país há 5 anos, com seus dois filhos, frutos de outro casamento.
No dia 22 de agosto ocorreu o julgamento do brasileiro, que durou cerca de 20 minutos. Na ocasião, o homem apenas apresentou um pequeno pedido de desculpas. "Quero pedir desculpas a eles", disse Cavalcante ao se referir aos filhos de Débora, e a irmã dela, Sarah Brandão.
Apesar disso, o juiz Patrick Carmody afirmou a ele que suas ações desmentiam qualquer sentimento de remorso e que "se ele estivesse realmente arrependido se confessaria culpado, poupando a irmã e a filha da vítima de testemunharem".
"Para você fazer com que [a menina] revivesse o assassinato de sua mãe foi uma decisão consciente sua. Foi uma decisão egoísta. Você pensou em si mesmo e não pensou naquelas crianças”, disse o magistrado.
A condenação determinada pelo juiz considerou as evidências apresentadas pela equipe de acusação da promotora distrital, o depoimento da filha de Débora - testemunha ocular do crime -, além de relatos de vizinhos que ajudaram a resgatar as crianças naquele dia.
Os defensores públicos que atuaram em sua defesa reconheceram a culpa dele diante do júri, mas argumentaram que ele agiu no "calor da paixão" e deveria ser considerado culpado por um crime de menor grau. O júri rejeitou a sugestão.
A defesa ainda argumentou que Cavalcante cresceu pobre no Brasil e também foi vítima de abusos. “Esses indivíduos muitas vezes cometem os mesmos crimes que testemunharam”, afirmou um dos promotores, alegando que o brasileiro começou a se associar com membros de gangues e tornou-se viciado em drogas e álcool.
Segundo Deborah Ryan, promotora do caso, toda a família da vítima está sofrendo com a tragédia. Ela chamou as ações do brasileiro de “frias, calculistas e hediondas” e disse: "Ele não apenas assassinou Deborah Brandão brutalmente, mas também na frente dos dois filhos dela".
Segundo a promotora, o homem queria a ex-namorada morta porque ela havia ameaçado contar às autoridades que ele era procurado por assassinato no Brasil. “Se a senhorita Brandão fosse à polícia, ele teria sido denunciado. Ele fez isso para silenciá-la. Esta foi uma tragédia sem sentido e comovente. Ele a massacrou até a morte", lamentou.