O Ministério Público denunciou, nesta quinta-feira, 30, o cabeleireiro Diego Beserra Ernesto por injúria e por discriminação, após o profissional mandar áudios dizendo que não contrata "gordo, petista, preto, feminista e viado".
O caso ganhou repercussão em fevereiro deste ano, quando viralizou nas redes sociais. O áudio foi enviado por WhatsApp para o cabeleireiro Jeferson Dornelas, que alugava parte do salão de Diego, no bairro de Perdizes, na Zona Oeste de São Paulo, segundo informações da CNN Brasil na época.
De acordo com o MP, a promotora de Justiça Maria Fernanda Balsalobre Pinto narrou nos autos que em janeiro, Jefferson que estava atendendo no local realizou teste com uma mulher interessada em atuar como sua assistente. Diego, que estava presente, "lançou contra ela olhares de desprezo e desdém, o que a deixou constrangida", fazendo com que a vítima desistisse do posto de trabalho.
Quando soube o motivo da desistência da mulher, o profissional que alugava a cadeira entrou em contato com o dono do salão "expressando inconformismo". Em resposta, ele recebeu áudios nos quais o dono do estabelecimento fez comentários negativos em relação a pessoas negras, gordas, homossexuais e petistas, afirmando que não as contrataria (ouça áudio abaixo).
Em áudio, o cabeleireiro e "cidadão de bem" Diego Beserra que tem um estúdio em Perdizes (SP) diz:
"Não contrato gordo. Não contrato petista. Não contrato preto. No caso do preto porque alguns se fazem de vítimas da sociedade. E não contrato mais viado". pic.twitter.com/ILtbk6pwbA
— PAN (@forumpandlr) February 5, 2023
"Eu coloquei uma regra pra mim. Eu não contrato gordo, petista e não contrato preto. No caso do preto, alguns se fazem de vítima da sociedade. No caso da mulher tem duas coisas: gorda e preta. Ela não cuida nem do próprio corpo. Como vai ter responsabilidade na vida? Essas minas que usam cabelo curto é feminista. A gente não sabe. Eu não sei. Não 'tô' generalizando, dizendo que todas são, mas tem uma grande probabilidade de ser feminista. Feminista é um saco, mano! Você não pode falar nada. Esqueci de falar, mano. Não contrato mais viado. Só se a pessoa estiver mentindo", disse Diego no áudio.
O caso também foi levado à Polícia Civil. Ao saber do boletim de ocorrência, Diego o procurou para fazer um acordo. Ele também disse que estaria disposto a se retratar.
Além de oferecer denúncia, o Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância (Gecradi) pediu o reconhecimento do dano moral coletivo e a fixação de indenização à coletividade e à vítima.
Ao Terra, o advogado do cabeleireiro, José Miguel da Silva Junior, informou que a defesa não recebeu a denúncia ainda e que seu cliente não foi citado para apresentar sua defesa preliminar. Sendo assim, só se manifestará após tomar conhecimento do conteúdo da denúncia.