"Isso é bom para outras garotas, eu apenas não estou fazendo isso", disse recentemente Cher à revista People sobre quem decidiu deixar de pintar os cabelos durante a pandemia e assumir as madeixas grisalhas. Aos 75 anos, a cantora fez questão de reafirmar a escolha de manter os fios escuros, independentemente da idade, e de validar a opção de cada mulher fazer o que bem entender em relação à aparência.
Desde que famosas com mais de 50 anos, como Andie MacDowell, Glória Pires e Fafá de Belém, entre outras, assumiram publicamente os cabelos brancos, uma profusão de questionamentos diversos tomou conta das redes sociais. Quem assumiu o envelhecimento natural da cor dos fios é mais empoderada do que quem prefere tingi-los de castanho, loiro ou até mesmo roxo ou azul? Aquelas que apelam às tinturas não querem enfrentar o passar dos anos? Deixar o cabelo branco é modinha ou um processo de aceitação?
Mais do que buscar respostas concretas — porque, na verdade, elas sequer existem —, o importante é que cada mulher lide com a própria idade da maneira que achar conveniente. "Assumir a idade vai muito além da aparência", declara Stella Azulay, especialista em Análise de Perfil e Neurociência Comportamental. "É assumir que seus gostos mudaram, que você mudou e que tudo bem. E amanhã tudo pode mudar de novo, e tudo bem também! Assumir a idade é aceitar que nada é estável e eterno. Não existem regras fixas; a flexibilidade rege a vida da mulher depois dos 50", completa.
Cuidar da autoestima e investir no autoconhecimento são ações que tornam esse processo mais natural, seja qual for escolha que a mulher fizer. "Isso a ajuda a se sentir confortável, mesmo que seja enquadrada em estereótipos ultrapassados", fala Mônica Machado, psicóloga fundadora da Clínica Ame.C e pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental. "Ao ter mais consciência de si e do seu desejo, a mulher madura irá adotar com mais liberdade o tipo de cabelo que desejar em determinados momentos, se reencontrando psiquicamente e os pintando da cor que quiser", endossa a psicanalista Leila Cristina, sócia da SPID (Sociedade Psicanalítica Iracy Doyle).