A terra indígena Maró, localizada no município de Santarém, no Pará, é palco de conflitos com madeireiros e fazendeiros há anos. Nesta semana, o cacique Dadá Borari denunciou ao Ministério Público Federal (MPF) que recebeu ameaças e pediu proteção e investigação.
O cacique indígena relatou ser alvo de ameaças há mais de 20 anos. A última ocorreu no dia 6 de setembro, quando ele recebeu uma ligação de um madeireiro conhecido como Kiko, que estendeu a ameaça ainda a seu grupo de vigilantes do território.
"Eu registrei um boletim de ocorrência. Nós também iniciamos o processo de denúncia que também foi publicado. E agora vamos buscar o programa de proteção aos direitos humanos e informar o ocorrido a eles", contou Dadá Borari ao Tapajós De Fato.
De acordo com o cacique, as ameaças têm relação com a riqueza e biodiversidade da terra indígena Majó, além da madeira, e que foi justamente por essa madeira que o homem identificado como Kiko e que possui propriedade dentro da terra indígena o ameaçou, pois o mesmo não quer a permanência dos indígenas no território.
"As ameaças que têm ocorrido são muito sérias, pois ele não ameaça mais a mim pessoalmente, mas sim o nosso grupo de vigilantes", ressalta Dadá Borari.
O grupo de vigilantes mencionado foi criado em 2014 pelo território indígena do Maró diante dos inúmeros conflitos por terra na região. O grupo de monitoramento é formado por mais de 60 pessoas e já foi responsável pelo fechamento de uma empresa de madeira que derrubou árvores ilegalmente no Maró. Entre os membros estão educadores, professores e pedagogos.
Em audiência no dia 11 de setembro, o líder indígena entregou ao MPF provas da ação criminosa de madeireiros no território. Participaram do encontro também o Conselho Indígena Tapajós e Arapiuns (CITA), o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e representantes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI).
Foram apresentadas fotos tiradas pelo grupo de vigilantes e que mostram uma canoa do mesmo madeireiro que ameaçou o cacique e que era usada para pesca predatória na cabeceira do igarapé conhecido como Arraia. Também foram encontradas armas caseiras e recolhidas para a entrega à polícia e ao Ministério Público.
Lidiane Borari, integrante do grupo de vigilância, disse ao Tapajós de Fato que os indígenas procuraram o MPF para receber orientações de como agir diante da situação. "Ninguém tinha orientação jurídica sobre o que fazer e como proceder, foi por isso a procura pelo Ministério Público, para ouvir as orientações e sair um pouco mais consciente do que fazer e como agir se a gente encontrar novas irregularidades dentro do território", explicou.