Carnaval 2022: conheça a 1ª Rainha de Bateria trans de São Paulo

Sua trajetória no Carnaval, começou em 2000, após ser convidada pelo carnavalesco Tito Arantes para desfilar na Camisa Verde Branco

13 abr 2022 - 05h00
(atualizado às 11h22)
Camila Prins, rainha de bateria trans da Colorado do Brás
Camila Prins, rainha de bateria trans da Colorado do Brás
Foto: Divulgação

Ela esbanja carisma, beleza e simpatia. E agora, desfilando pela escola de samba Colorado do Brás, de São Paulo, Camila Prins carregará a faixa de 1ª Rainha de Bateria LGBTQIA+ de uma agremiação do Grupo Especial. 

Apaixonada pela festa desde criança, sua trajetória no Carnaval, começou em 2000, após ser convidada pelo carnavalesco Tito Arantes para desfilar no Camisa Verde Branco, tradicional agremiação do bairro da Barra Funda. Desde então, não parou mais.

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Em 2022, além da Colorado do Brás, Camila também irá desfilar no Rio de Janeiro, como destaque principal do quarto carro alegórico da Unidos da Tijuca. Para ela, é um orgulho representar a comunidade LGBTQIA+ nas grandes escolas de samba.

"Já vi várias meninas ocupando o mesmo espaço que eu. Estou abrindo portas para elas e pretendo ver, num futuro próximo, mais representantes da nossa classe", destaca.

Transição começou na primeira infância

Em entrevista ao Terra, Camila Prins revela que desde os 6 anos de idade soube que o gênero identificado em seu nascimento não a representava. Na época, ela conta, foi levada a um psicólogo a pedido da escola e, na consulta, foi questionada sobre suas preferências: brincar mais de carrinho ou boneca; gostar mais de boneco do gênero masculino ou feminino. 

"Ela também me mostrou dois bonequinhos com gêneros e quis saber do que eu gostava mais. Eu fiquei muda. Nesse momento, me deu um pirulito, eu saí da sala e ela chamou a minha mãe", relembra.

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Camila Prins, rainha de bateria trans da Colorado do Brás, de SP
Foto: Divulgação

Em meados dos anos 70, com 11 anos, durante o carnaval, Camila se vestiu como mulher pela primeira vez. Apesar do bullying que sofreu, foi uma realização. O apoio veio da mãe.

"Ela que comprava meus hormônios, minhas roupas íntimas", diz Camila.

Já com o pai, militar, a história foi diferente: "Ele não aceitou de imediato a minha condição e ficou meses sem falar comigo. Só com o tempo que foi melhorando a situação".

Vive na Suíça

Apesar de ter começado a transição ainda criança, foi só há sete anos que Camila conseguiu trocar toda a sua documentação no Brasil, assumindo totalmente o gênero feminino. Casada com um químico suíço, a rainha se divide entre o Brasil e a Suíça, país onde mora há 23 anos.

A troca de país foi uma questão de sobrevivência: por uma condição financeira melhor e prezando pela sua segurança e integridade física. O Brasil é considerado o país que mais mata travestis e transexuais em todo o mundo e, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida de pessoas trans é de 35 anos no país – menos da metade da média nacional, que é de 75 anos. 

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Fonte: Redação Terra
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