Caso Miguel: defesa de Sarí Côrte Real descumpre prazo e atrasa alegações finais

Investigada pela morte do menino Miguel Otávio, de apenas cinco anos, a ré, junto aos advogados, descumpriu o prazo de apresentação marcada para o dia 17

29 mar 2022 - 16h52
(atualizado às 17h10)
Imagem mostra a avó da criança segurando um cartaz com o letreiro "Justiça Por Miguel"
Imagem mostra a avó da criança segurando um cartaz com o letreiro "Justiça Por Miguel"
Foto: Imagem: Débora Oliveira / Alma Preta Jornalismo / Alma Preta

Após quase dois anos do falecimento do menino Miguel Otávio, de apenas 5 anos, - que caiu do 9º andar de um prédio de luxo no centro do Recife (PE) - o processo que investiga o caso ainda não foi finalizado. A última atualização foi dada na tarde desta terça-feira (29) via Articulação Negra de Pernambuco, que apontou atraso na apresentação das alegações finais por parte da defesa de Sarí Côrte Real, acusada de abandono de incapaz com resultado morte.

De acordo com a Justiça, o prazo determinado para que a defesa da ex-primeira dama de Tamandaré, a 106 km da capital, esgotou no último dia 17 de março. Com o atraso, os advogados de Mirtes Renata, mãe de Miguel e ex-funcionária de Sarí, entraram com um pedido de intimação.

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Sobre o perfil da linha de defesa apresentada nos últimos trâmites, a culpabilização de Miguel Otávio tem sido a principal. Em setembro do ano passado, a ré compareceu ao Centro Integrado da Criança e do Adolescente (CICA) acompanhada de seu advogado e mais duas testemunhas para prestar depoimento na última audiência de instrução do processo, que está sob a condução da 1ª Vara de Crimes contra a Criança e o Adolescente da Capital. 

Na época, a primeira testemunha de defesa, segundo os advogados de Mirtes, uma pessoa do município de Tamandaré, que passou um curto espaço de tempo na presença da vítima, afirmou que Miguel Otávio se tratava de uma criança excepcionalmente "traquina" e chegou a insinuar que a educação dada à criança seria falha.

Mirtes chegou a falar, na época, em coletiva, sobre suas impressões e afirmou estar descontente com a postura da ré e de sua defesa. 

"O que me deixa muito chateada, diante do que aconteceu, é a estratégia de defesa deles [de Sarí Corte Real] querendo de, alguma forma, tirar a culpa dela e querer colocar em mim questionando a minha educação, que eu dava ao meu filho, e a que a minha mãe dava. Eles falam de uma forma como se eu fosse a pior mãe do mundo. Se eu fosse a pior mãe do mundo, eu não estaria aqui lutando para que ela seja responsabilizada pela morte do meu filho", desabafou. 

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Defesa da família da criança acredita em estratégia para atrasar o processo (29)
Foto: Reprodução/Instagram / Estadão

Angústia por falta de respostas 

Em recente publicação via rede social, Mirtes desabafou estar cansada e se sentido "perdida" diante de todos os episódios vividos após a morte do seu único filho. 

"A saudade vem que eu nem entendo como, porque avassaladora é a dor que aperta quando em casa ou na rua, me lembro que você era e sempre será meu fiel parceiro", publicou. 

Em defesa de Miguel e da sua família, a Articulação Negra de Pernambuco segue acompanhando o caso e, em nota, mostrou-se insatisfeita com o andamento do processo e os recursos utilizados por Sarí e seus advogados. 

"Diante de inúmeras tentativas de inocentá-la e até barrar o andamento do processo com ação no STJ, questionamos o porquê de alguém que se diz inocente não apresentar sua defesa", disparou a organização.

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Internautas também demonstraram apoio à postura da Articulação, pedindo por justiça e celeridade na condução dos trâmites. Houve até quem comentou sobre o descumprimento da defesa como "estratégia para atrasar o processo". 

Até o momento, o Tribunal de Justiça de Pernambuco não atualizou as informações, publicamente, sobre o caso. A Alma Preta Jornalismo encaminhou solicitação de nota, mas, até o fechamento da publicação, não recebeu retorno. 

Caso Miguel: Ato cobra celeridade da justiça pernambucana

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