Sede do torneio abandona postura restritiva e permite que torcedores expressem apoio à comunidade LGBT sem serem mais incomodados pelos seguranças. No gramado, entretanto, braçadeira "One Love" continua sendo tabu. O Catar, país anfitrião da Copa do Mundo, abrandou sua postura restritiva sobre as cores do arco-íris nos estádios. Com o início da segunda rodada da fase de grupos nesta sexta-feira (25/11), torcedores que quiserem expressar apoio à comunidade LGBT com camisetas, bandeiras e símbolos semelhantes não devem mais ser incomodados pelos seguranças.
Entretanto, a decisão não interfere no veto ao uso da braçadeira "One Love" dentro do gramado, proposto por seleções europeias, como uma iniciativa pela inclusão e contra a discriminação.
Segundo informações da agência de notícias alemã DPA, a Fifa já havia pedido às autoridades do Catar e ao comitê organizador da Copa do Mundo que permitissem as cores do arco-íris nos estádios.
Segundo o jornal britânico The Independent, seleções nacionais de futebol foram informadas pela Fifa sobre a garantia do país sede quanto ao assunto.
A seleção do País de Gales havia sido a única a confirmar na noite de quinta-feira haver recebido a confirmação da Fifa antes do jogo da fase de grupos nesta sexta contra o Irã. "Todas as sedes da Copa do Mundo foram contatadas e instruídas a cumprir as regras e regulamentos acordados", disse a federação galesa pelo Twitter.
Bandeira de Pernambuco
Nos últimos dias, acumularam-se relatos de torcedores sendo solicitados a tirar roupas e acessórios exibindo arco-íris, inclusive profissionais da imprensa que trabalham na cobertura da Copa do Mundo.
Um dos afetados foi o jornalista pernambucano Kelvin Maciel, que teve tomada por funcionários da organização da Copa no Catar uma bandeira de Pernambuco - que possui um arco-íris -, quando ele fazia entrevistas diante do Lusail Stadium, em Doha, na terça-feira, após o jogo entre Arábia Saudita e Argentina.
O comentarista americano Grant Wahl, da rede CBS, também relatou que foi impedido de entrar no estádio por quase meia hora por usar uma camiseta com um arco-íris. Ele afirmou que um segurança lhe disse que a vestimenta não era permitida. Wahl afirmou que seu telefone foi "arrancado à força" de suas mãos por um guarda enquanto ele postava sobre o incidente nas redes sociais.
Ele disse que foi detido por 25 minutos e instruído a tirar a camiseta, classificada como "política" por um membro da equipe de segurança. Por fim, o jornalista, recebeu permissão para entrar no estádio com a roupa.
Ministra alemã usou braçadeira
Nesta segunda-feira, a jornalista esportiva alemã Claudia Neumann chamou atenção ao vestir uma camisa e uma braçadeira com as cores do arco-íris durante o jogo entre Estados Unidos e País de Gales na Copa do Mundo do Catar. A narradora de futebol comandou a transmissão da partida para a emissora estatal de TV alemã ZDF.
Dois dias depois, na quarta, a ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, acompanhou o jogo de estreia da seleção alemã usando a braçadeira pró-diversidade "One Love" .
Faeser, ao lado de autoridades do Catar e do presidente da Fifa, Gianni Infantino, usou o acessório com as cores do arco-íris no braço esquerdo. Ela também publicou em suas redes sociais uma foto usando a braçadeira.
Várias seleções europeias, incluindo a da Alemanha, chegaram a anunciar na semana passada que pretendiam usar, durante os jogos da Copa do Mundo de 2022, a braçadeira colorida contra a discriminação LGBTQ. A ideia, entretanto, foi vetada pela Fifa, causando um protesto da seleção alemã, cujos jogadores tiraram foto oficial cobrindo a boca, e até perda de patrocínio.
A homossexualidade é considerada crime no Catar, que também tem um longo histórico de violações dos direitos humanos.
md/bl (DPA, ots)