Com 65 de 67 votos possíveis, o baiano Ednaldo Rodrigues, nascido em Vitória da Conquista, tornou-se nesta quarta o primeiro presidente negro e nordestino em 107 anos de história da CBF (antes conhecida como CBD – Confederação Brasileira de Desportos). Ele estará à frente da entidade por um período de quatro anos, até 23 de março de 2026.
A posse de Ednaldo e dos oito vices foi imediata, durante a Assembleia Geral realizada no auditório da CBF, no Rio. A formalização do resultado, no entanto, depende da reversão de uma decisão de primeira instância da Justiça de Alagoas, divulgada na noite dessa terça (22), que suspendeu a eleição, numa ação movida por Gustavo Feijó, ex-vice da entidade.
Ednaldo recebeu o voto de 26 das 27 federações estaduais (somente Felipe Feijó, de Alagoas, filho de Gustavo, não acompanhou os demais) e de 39 dos 40 clubes das Séries A e B do Brasileiro – exceção para a Ponte Preta, por um erro numa representação de seus dirigentes.
Ex-presidente da Federação Baiana de Futebol, Ednaldo tem uma longa história com o futebol. Jogou por times amadores de sua cidade natal, destacando-se por seus dribles rápidos que deixavam os adversários sem reação. Graduado em contabilidade, ingressou na vida de dirigente esportivo ao comandar associação de ligas municipais da Bahia.
Depois, aceitou convite para ser diretor da federação baiana, onde em pouco tempo se tornaria vice-presidente. Na sequência, chegou ao posto máximo da entidade nordestina, no qual ficou por 18 anos.
Ednaldo é afeito ao diálogo e transita por todos os segmentos da CBF. Isso, porém, não o impede de assumir posições de embate. Em 2002 e 2003, comprou briga com a então direção da CBF por defender a Copa do Nordeste, insurgindo-se contra a confederação que não queria dar o aval à competição.
Anos mais tarde, em 2012, ele reagiu à manobra feita por Ricardo Teixeira, que renunciou ao cargo e passou o bastão da CBF para José Maria Marin e Marco Polo Del Nero. Alegou falta de transparência no processo.
Os vices eleitos com Ednaldo são Antônio Aquino, Fernando Sarney, Francisco Novelletto, Hélio Cury, Marcus Vicente, Reinaldo Carneiro, Roberto Goes e Rubens Lopes.
Sobre a ação na Justiça de Alagoas, o Departamento Jurídico da CBF considera que houve interferência indevida, uma vez que a Justiça do Rio é o fórum para tratar de situações envolvendo a CBF. Gustavo Feijó, o autor da iniciativa, queria ser o presidente da confederação, mas não conseguiu o apoio mínimo de quatro federações e quatro clubes para lançar sua chapa. Condenado recentemente pela justiça eleitoral de Alagoas por abuso de poder, ele tem em seu currículo mais de 30 processos como réu.
Antes da eleição, Feijó protagonizou cenas que constrangeram os dirigentes presentes. Sentou-se à mesa da sessão, no lugar que caberia a Ednaldo, onde ficou alguns minutos, reclamando do processo.