O Centro de Dança da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa (Smcec) inaugura na quinta-feira, 11, às 19h, a exposição Nunca Estivemos Sós: Negrografias da Dança Cênica de Porto Alegre no Século XX. A visitação no Saguão do Centro Municipal de Cultura Lupicínio Rodrigues (Erico Verissimo, 307 - Menino Deus) vai até o dia 1º de julho. A entrada é gratuita.
As histórias de artistas da dança negros que ocuparam os palcos de Porto Alegre ao longo do século XX são o eixo central. A exposição é a segunda realizada pelo projeto Memória Dança POA, idealizado pelo diretor do Centro Municipal de Dança, Airton Tomazzoni, que, em 2022, trouxe a exposição Modernas Eram Elas: a dança na Porto Alegre da primeira metade do século XX.
Os 21 artistas retratados são: Mestre Borel, Souvarine Louniev, Elvira Panatieri, Nega Lu, Rubens Barbot, Sayô Pereira, Scheyla Silva, Iara Deodoro, Osmar Amaral Júnior, Anchieta, João Manff, Alexandre Santos, Robson Duarte, Mano Amaro, Ted Borges, Afro-Sul, Gisele Chagas, Elis Souza, Aldair Rodrigues, Luciano Tavares e Grupo Semba, de Oliveira Silveira.
Além de personagens que já têm sua trajetória bastante conhecida nas artes cênicas da cidade, como o bailarino e coreógrafo Rubens Barbot e a bailarina Sayô Pereira - uma das fundadoras da Terra Cia de Dança nos anos 80 - a exposição resgata artistas mais longínquos e pouco conhecidos como o bailarino, professor e coreógrafo Souvarine Louniev e a bailarina Elvira Panatieri. Souvarine, que na verdade se chamava Souvarine Pedro Silva, foi o primeiro negro dono de escola de dança em Porto Alegre. A Academia Porto-Alegrense de Dança, que funcionou entre 1955 a 1958, chegou a contar com mais de 200 alunos. Elvira Panatieri, aluna de Souvarine e de João Luiz Rolla, foi a primeira solista negra de balé de Porto Alegre. Em 1958, ela subiu no palco do Theatro São Pedro para dançar um fragmento do balé O lago dos Cisnes como Odille, o cisne negro.
A mostra é composta por 21 paineis, cada um contando a trajetória de um artista. Um QR Code em cada um deles leva o espectador a um conjunto de fotografias e documentos que foram reunidos sobre cada artista durante a pesquisa. Nos dois monitores de TV, os visitantes podem assistir a entrevistas e espetáculos da época, bem como à entrevista com a bailarina e coreógrafa Iara Deodoro, a grande matriarca da dança afro do Rio Grande do Sul, uma das homenageadas e curadora da exposição.
O time de curadores são a bailarina, professora e coreógrafa Iara Deodoro, do grupo Afro-Sul, a bailarina e professora Perla Santos, do Coletivo Meninas Crespas, o bailarino, professor e pesquisador Luciano Tavares, um dos coordenadores no GT Afro da Associação Brasileira de Pesquisadores em Artes Cênicas (Abrace), e a bailarina e professora Louise Sena, mestranda em antropologia pela Universidade Federal da Bahia.
A exposição tem expografia do cenógrafo Rodrigo Shalako, com identidade visual da Refazenda Comunicação, edição de vídeos de Fernando Muniz. A pesquisa e entrevistas foram realizadas ao longo de um ano, sob coordenação da pesquisadora Clarice Alves, com apoio da equipe do Centro Municipal de Dança.
A iniciativa contou com o apoio do Arquivo da TVE-RS, Goethe-Institut Porto Alegre, Curso de Dança da Ufrgs, Coletivo Senegra-Esefid/Ufrgs, Centro de Memória do Esporte/Ufrgs, Cinemateca Capitólio, Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo, Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho, Atelier Livre Xico Stockinger, Afro-Sul, Instituto Odomodê, Rubens Barbot Cia de Dança e Terreiro Contemporâneo.
Exposição Nunca Estivemos Sós: Negrografias da Dança Cênica de Porto Alegre no Século XX
Abertura: quinta-feira, 11, às 19h - Visitação: de 11 de abril a 1º de julho
Saguão do Centro Municipal de Cultura Lupicínio Rodrigues (Erico Verissimo, 307 - Menino Deus).
Realização: Centro Municipal de Dança da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa.
Entrada Franca