Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, pessoas negras têm 3,8 vezes mais chances de serem mortas durante uma intervenção policial do que pessoas brancas. O documento divulgado nesta quinta-feira, 18, aponta que, em 2023, ocorreram 6.393 mortes resultantes de intervenções policiais, com uma taxa de 3,1 por 100 mil habitantes.
Esse número representa uma queda em comparação com 2022, quando a taxa foi de 3,2 por 100 mil habitantes. Embora tenha ocorrido uma queda de 0,9% em relação a 2022, os dados indicam um aumento de 188,9% em comparação com 2013.
O anuário mostra que as vítimas eram majoritariamente negras, o que inclui pessoas pretas e pardas. Este grupo representa 82,7% das vítimas em 2023, comparado a 83,1% em 2022. Ainda em relação às vítimas de intervenção policial no ano passado, 71,7% tinham entre 12 a 29 anos e 99,3% eram do sexo masculino.
A taxa de mortalidade por intervenções policiais também é maior para pessoas negras. Enquanto a de pessoas brancas foi de 0,9 mortos para cada grupo de 100 mil pessoas brancas, a taxa de negros foi de 3,5 para cada grupo de 100 mil pessoas negras.
"Isto significa dizer que a taxa de mortalidade de pessoas negras em intervenções policiais é 289% superior à taxa verificada entre pessoas brancas, na evidência do viés racial nas abordagens e no uso da força das polícias brasileiras", diz o documento.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública ainda apontou que os policiais que morreram em 2023 também apresentam um viés racial: 69,7% eram negros e 29,4% eram brancos. Segundo o documento, 51,5% dos policiais tinham entre 35 e 49 anos, e 96% eram do sexo masculino.