Neste 15 de janeiro de 2025, completam-se 50 anos da passagem de meu pai, Luiz Carlos Ventura, que esteve entre nós por apenas 29 e partiu em uma madrugada na Rodovia Régis Bittencourt.
Era jornalista e foi ao Vale do Ribeira, região sul paulista, para cobertura da Folha de S.Paulo sobre a visita de uma comitiva do governo estadual ao Parque de Jacupiranga. Antes do retorno à capital, ele, o fotógrafo Kim-Ir-Ser Pires Leal e o motorista Lázaro Borba pararam em Registro para uma apuração complementar, mas decidiram voltar para casa durante a noite e, à 1h, o choque do carro do jornal, uma Veraneio, com uma carreta, na época chamada de jamanta, encerrou sua presença neste mundo, assim como a do colega condutor da viatura.
O primeiro parágrafo da reportagem da Folha sobre sua morte, que já li inúmeras vezes, diz: "Acostumado a coberturas que exigiam, além do espirito profissioal, uma boa dose de idealismo, ele queria mais do que o rotineiro" (edição de 16/1/1975, capa e páginas 10, 11 e 12).
Convivo com causos de jornalismo desde criança e escolhi a profissão também por isso, mas principalmente depois de entender a função social desse trabalho, e acredito plenamente na necessidade do idealismo e do espírito profissional para permanecer vigilante nas questões fundamentais das pessoas com deficiência.
Interessante como herdamos características de nossos genitores, mesmo sem a convivência diária. Teria sido excelente dividir com meu pai/colega pensamentos, angústias, episódios engraçados, livros e tantas outras possibilidades, mas o destino nos separou fisicamente e impediu qualquer conversa casual.
Sempre chamou minha atenção a reação genuinamente emocionada de seus amigos de redação, a admiração e os elogios reais quando descobrem que sou seu filho, um legado que tem valor imensurável, construído durante um período tão curto de vida.
Cinco décadas depois, nossa luta é igual.