Carol Santiago, com deficiência visual, conquistou três medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze em sua primeira Paralimpíada, em Tóquio 2020.
A nadadora Maria Carolina Gomes Santiago, ou apenas Carol Santiago, fez história em sua primeira Paralimpíada, em Tóquio 2020: ela conquistou três medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze. A atleta de 39 anos, com deficiência visua, é a atual recordista mundial dos 50m livre e espera repetir esse desempenho em Paris 2024.
"Desde que a gente voltou de Tóquio e vimos que Paris seria uma grande oportunidade da gente conseguir ser ainda melhor, todo o meu pensamento e foco estão em Paris", disse Carol, em entrevista ao Terra NÓS.
"Quando retornei para o Brasil, após Tóquio, vi o quanto tinha motivado as pessoas. Crianças com deficiência também se sentiram com um caminho aberto para realizar seus sonhos."
A atleta nasceu com a síndrome de Morning Glory, alteração congênita na retina, que afetou os seus dois olhos causando uma baixa visão bastante acentuada. No entanto, isso não a impediu de entrar para a natação, o que aconteceu quando ela ainda era criança.
"Comecei por volta dos quatro anos de idade. O meu irmão praticava natação, então eu o acompanhava muito e ficava nadando na raia do lado. E era bom que eu fizesse uma atividade sem risco de impacto, nada com bola, nada que pudesse cair ou que eu pudesse trombar com alguma coisa, então a natação foi a atividade ideal", contou.
E o seu amor pela água foi o que a motivou a se tornar uma atleta. "Eu simplesmente amo nadar, é a atividade que mais me dá alegria. Poder escutar o barulho da água, de conseguir realizar com qualidade, porque através da prática do esporte eu consigo ser feliz", revelou à reportagem.
Os desafios existem
Carol encontrou o seu lugar no movimento paralímpico, mas também um desafio: aceitar a ajuda de recursos na natação, como o tapper, um bastão revestido de espuma na ponta. Nas disputas entre atletas com deficiência visual, técnicos ou voluntários ficam nas extremidades da piscina com o equipamento para avisar os nadadores da proximidade da virada ou da chegada.
"Eu estava acostumada a resolver os problemas. Quando eu comecei a utilizar o tapper, eu tive que entregar até a minha segurança à outra pessoa. Esse foi um momento muito pontual e que fez diferença na minha vida inteira."
Um outro desafio que ela recorda foi o psicológico em seu primeiro campeonato mundial, em 2019. Na época, apesar de estar bem preparada fisicamente, Carol estava muito estressada.
"Primeiro, estressada porque ia competir, depois, estressada porque estava competindo, depois porque acabou a competição. Lembro que eu subia no bloco e eu me tremia tanto que meu medo era cair dele antes da prova começar", lembra ela.
No caso dela, desistir nunca foi uma opção. "Eu me perguntava por que eu estava sofrendo tanto para fazer o que eu mais amava, mas em nenhum momento eu pensava 'eu não vou mais fazer isso'".
Paris 2024
Agora, bem preparada psicologicamente e fisicamente, Carol Santiago está animada para subir no bloco e competir pelo Brasil.
"Espero os melhores resultados da minha vida lá. Eu não sei se vai ser o suficiente para as medalhas, mas a gente vai estar brigando por elas."
"Ninguém começa grande. Mas toda pessoa que conquistou alguma coisa, começou com um sonho. Comecei a sonhar grande após entrar para o movimento paralímpico. E eu fiz tudo o que era necessário para conquistar esse meu sonho, esse meu objetivo", afirmou a nadadora.
"E quando a gente conquista aquilo que a gente realmente quer, é muito gratificante, é maravilhoso. Então, eu acho que olhando tudo que a gente [ela e a equipe] conquistou, eu não me arrependo de nada", finaliza.