Conheça 8 atletas trans que mudaram a história do esporte

Recentes mudanças de critérios por parte de federações podem excluir atletas trans das disputas

24 jun 2022 - 05h00
(atualizado às 09h12)

A decisão da Federação Internacional de Natação (Fina) de barrar a participação de mulheres transexuais que tenham completado a transição após os 12 anos, ou seja, tenham vivenciado a puberdade masculina, em competições internacionais reaqueceu a discussão a respeito da inclusão ou da discriminação de pessoas trans no esporte.

Lia Thomas não poderá participar de competições internacionais após mudança nas diretrizes da natação
Lia Thomas não poderá participar de competições internacionais após mudança nas diretrizes da natação
Foto: Philadelphia Inquirer/TNS/ABACA via Reuters Connect

Além da Fina, a União Ciclística Internacional (UCI) também fez mudanças em suas diretrizes, limitando ainda mais a participação de atletas transexuais, e o órgão global da liga de rugby, a International Rugby League (IRL), foi ainda mais rígida: decretou a proibição de mulheres transgênero em partidas internacionais até que uma nova regra seja definida.

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Na contramão, a Federação de Futebol da Alemanha (DFB) anunciou nesta quinta-feira (23) que pessoas trans, inter e não binárias poderão decidir por si mesmas qual categoria vão defender - masculina ou feminina.

Muitas outras federações de diversas modalidades devem ainda redefinir suas regras, afetando dezenas de atletas. Essas mudanças ocorrem depois de o Comitê Olímpico Internacional (COI) ter decidido que cada federação é responsável por estabelecer os critérios que envolvem a participação de atletas transgêneros e intersexuais, sob a alegação de que há um impacto diferente para cada esporte.

O Papo de Mina resgatou oito atletas trans pioneiras em suas modalidades, que quebraram barreiras e mudaram - e seguem mudando, em alguns casos - a história do esporte.

Confira a lista:

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Sheilla Souza

Sem time para atuar, Sheilla trabalha em um salão de beleza
Foto: Arquivo pessoal

Jogadora de futebol do Brasil, Sheilla foi a primeira mulher trans a jogar no feminino profissional. Atualmente está sem clube e trabalha em um salão de beleza. Em entrevista recente ao podcast do Papo do Mina, a goleira afirmou: “levanto a bandeira como se estivesse levantando uma caçamba cheia de cimento, mas tenho resistência de segurar com uma mão só a bandeira.”

Jayna Ledford

Jayna Ledford perdeu bolsa no balé após realizar a transição
Foto: Reprodução/redes sociais

Bailarina desde os 6 anos de idade, Jayna chegou a estudar em uma academia da elite do balé, a Kirov Academy of Ballet. Entretanto, ao se declarar transsexual um ano antes de terminar o curso, perdeu a bolsa que tinha, direcionada a homens. Jayna já conquistou um Colin Higgins Youth Courage Awards por sua bravura e tem como sonho ingressar numa companhia profissional de balé.

Hannah Mouncey

Hannah Mouncey alega ter sofrido preconceito de colegas da seleção
Foto: Reprodução/redes sociais

Jogadora de handebol da Austrália, disputou o Mundial da modalidade pela equipe masculina em 2013 com o nome de Callum Mouncey. Em 2019, três anos após a transição, tentou participar da competição na categoria feminina, mas foi vetada pelas companheiras de time e ficou fora da convocação.

Rebecca Quinn

Rebecca Quinn fez uma postagem nas redes sociais em 2020 para assumir que é trans
Foto: Reprodução/redes sociais

Jogadora de futebol do Canadá, ela foi a primeira atleta trans a conquistar uma medalha olímpica, bronze na edição Rio-2016. Mas foi apenas em 2020 que Rebecca, que hoje atua como meio-campo no OL Reign da National Women's Soccer League e defende a Seleção Canadense de Futebol Feminino, declarou que é uma pessoa trans.

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Tifanny Abreu

Tifanny Abreu é uma das principais atletas do vôlei brasileiro e defende a bandeira da diversidade
Foto: Reprodução/redes sociais

Jogadora de voleibol do Brasil, ela foi a primeira mulher trans a disputar uma partida oficial da Superliga. Ela atua como oposto e ponteira no Osasco Voleibol Clube, e já esteve envolvida em polêmicas com o técnico Bernardinho e com a jogadora Tandara, que questionaram sua participação na categoria feminina.

Lia Thomas

Lia Thomas no topo ficou no pódio sozinha enquanto as demais medalhistas — Emma Weyant, Erica Sullivan e Brooke Forde — posaram juntas
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Nadadora dos EUA, ela se tornou, em março deste ano, a primeira mulher trans a conquistar um título da National Collegiate Athletic Association (NCAA), liga universitária nos EUA. Sua vitória, porém, foi marcada por protesto das adversárias, que se recusaram a ficar próximas a ela no momento da foto no pódio.

Com a recente decisão da Fina, Lia Thomas não poderá mais disputar competições internacionais, incluindo a Olimpíada. 

Charlie Martin

Charlie Martin foi a primeira pessoa trans assumida a disputar as 24 Horas de Nürburgring
Foto: Reprodução/redes sociais

Piloto profissional do Reino Unido, ela já participou de diversas competições, como: Ginetta GT5 Challenge, British GT Championship, Michelin Le Mans Cup e outras. Hoje com 40 anos, Charlie iniciou sua transição em 2012, e foi a primeira pessoa trans assumida a disputar as 24 Horas de Nürburgring, em 2020.

Laurel Hubbard

Laurel Hubbard fez história ao disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021
Foto: REUTERS/Edgard Garrido

Halterofilista da Nova Zelândia, Laurel quebrou um tabu ao ser a primeira mulher assumida transgênero a participar dos Jogos Olímpicos, na edição de Tóquio 2020. No entanto, Laurel não conseguiu participar da disputa por medalhas e, poucos dias após deixar a competição, anunciou sua aposentadoria. 

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