O Judô é uma arte marcial japonesa muito conhecida no Brasil e seus objetivos são, de forma geral, fortalecer o físico, a mente e o espírito. Com essa filosofia, o esporte vem conquistando muitos adeptos no país.
Em outubro desse ano, a Federação Paulista de Judô (FPJudô) aprovou, pela primeira vez, um atleta com Síndrome de Down na graduação mais alta da modalidade, a faixa Preta. Felippe Reis, atleta do Palmeiras, tem 31 anos de idade e pratica o esporte há 12 anos.
O judoca tem muitas conquistas em competições nacionais e internacionais. A mais recente foi o terceiro lugar no EJU Get Together Venray 2023, evento de judô adaptado realizado na Holanda, nos dias 25 e 26 de novembro. As equipes de Perfil Brasil e SportBuzz conversaram com Felippe e sua família para entender melhor sua trajetória dentro do esporte.
Conheça Felippe:
Como o você conheceu o esporte?
O Judô sempre esteve presente na minha vida, meu pai é um judoca faixa preta e me inseriu no esporte, sempre me motivou e esteve ao meu lado. É o esporte que amo e que me dedico desde muito novo. Aprendi muito sobre a vida dentro do tatame.
Quando o treinador notou seu potencial?
Isso está diretamente ligado a um projeto chamado "Galera do Click", um projeto de fotografia para pessoas com síndrome de down. Esse projeto, que o Felippe participa, foi convidado para participar e contar sua história no Programa do Jô, da Rede Globo. Através disso, apareceu o interesse do treinador Ricardo Lúcio, que assistiu o programa e ao saber sobre a história do Felippe, entrou em contato com a gente para trabalhar com ele e formar essa equipe. (Respondida pela mãe Sandra Reis)
Como é sua vida pessoal? Quais seus interesse?
Felippe é um homem de 31 anos, nascido em São Paulo, com síndrome de down. Tem dois irmãos e é tio de três meninas. Felippe estudou até o ensino fundamental, mas isso não atrapalhou a vida dele. Eu falo que quando ele nasceu, eu tive o compromisso de abrir todas as portas para ele e não deixar a genética atrapalhar. É por isso que ele é o primeiro judoca faixa preta de São Paulo com síndrome de down. É muito dedicado e abriu portas para outras pessoas com síndrome de down no judô. Além disso, conta com atividades paralelas, como a fotografia. (Respondida pela mãe, Sandra Reis)
Qual apoio que você tem na modalidade?
Não é fácil encontrar apoio atualmente, nós não temos garantia de nada. Fazemos o nosso trabalho e também trabalhamos nessa busca por patrocínios. Porém, as coisas aconteceram de maneira diferente em 2023. O /asbz, um dos maiores escritórios de advocacia do país, acreditou em nossa trajetória e me trouxe até a Holanda com todo suporte financeiro e estrutural que precisávamos. Estamos gratos por isso e acreditamos que este é um ponto fundamental para o crescimento do Judô para pessoas com Síndrome de Down. (Respondida por Fellipe e o Treinador Ricardo Lúcio)
O que falta para as pessoas com Síndrome de Down terem mais acesso e apoio ao esporte?
As pessoas acreditarem em nós e em nosso potencial. O Judô não possui categorias para pessoas com Sindrome de Down nos Jogos Paralímpicos, por falta de atletas, por exemplo. Isso é um grande empecilho para o crescimento da modalidade. (Respondida por Fellipe e o Treinador Ricardo Lúcio)
Quais seus próximos passos dentro do Judô?
Os próximos passos são: progredir, buscar o segundo 'dan' da faixa preta e mirar a faixa coral lá na frente. O trabalho é árduo mas nós podemos alcançar tudo que quisermos. (Respondida por Fellipe e o Treinador Ricardo Lúcio)