A vitória de Ainda Estou Aqui no Oscar de Melhor Filme Internacional destacou o cinema brasileiro, com Fernanda Torres brilhando. Ruth de Souza, pioneira no reconhecimento internacional, abriu caminhos com uma indicação histórica em 1953.
A recente vitória de Ainda Estou Aqui no Oscar de Melhor Filme Internacional foi um marco histórico para o cinema brasileiro. Com a brilhante atuação de Fernanda Torres, ela não só contribuiu decisivamente para o sucesso do filme, mas também colocou o Brasil em evidência na maior premiação de cinema do mundo. No entanto, antes desse feito grandioso, outra pioneira já havia pavimentado o caminho para as atrizes brasileiras no cenário internacional: Ruth de Souza.
Ruth foi a primeira atriz brasileira a conquistar um reconhecimento em grande escala no cinema mundial. Em 1953, ela foi indicada ao Festival de Veneza, um dos mais prestigiados eventos de cinema, por sua atuação em Sinhá Moça. Essa indicação a tornou uma das primeiras artistas do Brasil a conquistar uma visibilidade internacional significativa.
A disputa foi acirrada, com Ruth concorrendo ao Leão de Ouro com grandes estrelas como Katharine Hepburn e Michele Morgan. Embora não tenha vencido o prêmio, sua nomeação representou um passo importante na história do cinema nacional e a firmou como uma das maiores atrizes da sua geração.
Quem foi Ruth de Souza
Nascida no Rio de Janeiro em 1921, Ruth de Souza mudou-se para Minas Gerais ainda criança. Aos nove anos, com a morte do pai, voltou para o Rio.
“Quando cheguei ao Rio, a primeira coisa que me deixou encantada foi o cinema. Minha mãe me levou para ver o primeiro filme da minha vida, Tarzan, o Filho da Selva, com Johnny Weissmuller. Fiquei deslumbrada!”, diz no livro Ruth de Souza, estrela negra.
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Não demorou muito para começar sua carreira no teatro, unindo-se ao Teatro Experimental do Negro, liderado por Abdias do Nascimento, onde fez sua estreia nos palcos em 1945. Diversas pessoas ficaram encantadas com seu trabalho, como foi o caso de Jorge Amado, que a escolheu para atuar na adaptação de Terras do Sem-Fim.
Seu ingresso no cinema aconteceu em 1948, com o filme Terra Violenta, mesmo ano em que foi indicada por Paschoal Carlos Magno para uma bolsa de estudos na Fundação Rockefeller, nos Estados Unidos, onde passou um ano.
A partir daí, ela consolidou sua trajetória como uma das figuras mais importantes da sétima arte no Brasil, participando de produções relevantes e de grande sucesso, tanto em filmes nacionais quanto em importantes obras internacionais. Foram mais de 40 papéis na televisão e participação de filmes com assinaturas de nomes como Edmond Francis Bernoudy, Tom Payne, Aluísio Abranches e Walter Salles.
O último trabalho da estrela foi na minissérie Se Eu Fechar os Olhos Agora (2019). Com sua longa carreira, ela se manteve uma referência, atravessando gerações e influenciando o cinema, o teatro e a TV brasileiros.
Ruth morreu em 28 de julho de 2019, aos 98 anos, vítima de uma pneumonia.
