O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) decidiu arquivar uma ação contra o médico obstetra Renato Kalil por abuso sexual, segundo a coluna de Mônica Bergamo, no jornal Folha de S. Paulo.
Segundo a apuração, o conselho não conseguiu localizar o prontuário médico e o registro de internação da vítima, que alegou ter sofrido abusos no ano de 1991.
Além disso, a investigação do conselho descobriu que Kalil não mais atuava no local em que a vítima diz ter sido abusada, na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, na ocasião em que ela relata que os fatos ocorreram.
Em nota ao Terra, o Cremesp confirmou que está comprovado que o médico não trabalhava mais no hospital quando os fatos teriam acontecido e que uma "apuração minuciosa" foi feita pelo conselho. "Outras denúncias seguem em apuração sob sigilo determinado por Lei", diz a nota.
Entenda
A denúncia de abuso sexual nos anos 1990 contra Kalil veio à tona depois que a influenciadora Shantal Verdelho quebrou o silêncio e denunciou o obstetra por violência durante parto.
Em dezembro de 2021, Shantal denunciou o caso ao programa Fantástico e exibiu vídeo gravado pelo marido de Shantal, Mateus Verdelho, mostrando o médico gritando e falando palavrões na hora do parto.
Em uma das mensagens, ele diz que Shantal ficou "arregaçada", porque não quis fazer uma episiotomia —procedimento em que o períneo da mulher é cortado.
Kalil, um dos mais bem-sucedidos ginecologistas de São Paulo, negou as acusações e afirmou que o parto de Shantal ocorreu sem "qualquer intercorrência" e que o vídeo foi editado, com frases retiradas de contexto.
Após a reportagem, outras ex-pacientes e ex-funcionárias denunciaram o médico por má conduta profissional, assédio moral e assédio sexual.
A jornalista britânica Samantha Pearson, correspondente do jornal The Wall Street Journal no Brasil, disse ao jornal O Globo ter passado por episódios traumáticos de assédio moral no consultório de Kalil. Segundo ela, após o parto de seu primeiro filho, ela ouviu o médico dizer a seu marido que não se preocupasse porque havia "feito um ponto ali", referindo-se à vagina da paciente.