Coronel acusado de assédio sexual também responde por ameaça a capitão

Cássio Novaes é alvo de cinco denúncias de assédio sexual contra soldados e ameaça a capitão da corporação

15 jul 2022 - 15h49
Coronel também é acusado de assediar cinco soldados e ameaçar um capitão
Coronel também é acusado de assediar cinco soldados e ameaçar um capitão
Foto: Arquivo pessoal

O coronel Cássio Pereira Novaes, acusado de dar um tapa nas partes íntimas de uma soldado da Polícia Militar, também responde por ameaça contra um capitão da corporação. De acordo com a denúncia, obtida com exclusividade pelo Terra, a situação ocorreu após uma das policiais reclamar para o superior sobre o comportamento de Novaes. O caso segue em segredo de Justiça. 

Conforme apurado pela reportagem, o coronel possui pelo menos cinco acusações de assédio sexual contra policiais lotadas no 50º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano, em São Paulo. A primeira revelada em 2021, foi feita pela soldado Jéssica Paulo do Nascimento, de 29 anos. Outras quatro mulheres também teriam sido vítimas dele entre fevereiro de 2020 e abril de 2021. 

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Em uma das conversas com Jéssica, ele chegou a dizer que iria estuprá-la
Foto:

Novaes chegou a entrar em contato com o capitão Otávio [nome fictício], que na época era lotado na 1º Cia, para perguntar se uma das vítimas era 'sapatão', afirmando que tinha ido para cima dela 'igual a um trator', mas que tomou uma invertida. Na ocasião, a autoridade disse que achava que a policial era comprometida, e, por isso, não havia correspondido ao comandante. 

Uma reunião ocorreu pouco depois da conversa, e o coronel pediu para que o policial avisasse a soldado em questão que seu celular havia sido clonado, e que as mensagens que ela poderia receber não foram enviadas por ele. Ao ouvir que a vítima era tranquila, o denunciado respondeu: "tranquila é o car*****o, já vi muito oficial tomar IPM [passar por investigação] por falar que queria comer Fox". 

Ao procurar pela policial, Otávio pôde ter acesso ao conteúdo das mensagens, em que ele dizia: "quero te experimentar" e "vou te ajudar". Além disso, ela mostrou áudios que comprovam que Novaes era quem tinha encaminhado as mensagens.

Ameaças

As ameaças começaram de fato em um outro contato que Novaes fez com ele, no qual pedia para ele avisar a soldado para ligar no telefone funcional. Foi então que Otávio disse ao comandante para "deixar isso do jeito que estava", pois a policial estava extremamente constrangida, e qualquer contato poderia abalar a situação que já estava pacificada. 

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Pouco depois, a policial assediada ligou para o capitão relatando que o denunciado estava se movimentando para colocá-lo sob sua gestão. Ele a tranquilizou e disse que levaria o caso para os superiores. Em seguida, a policial passou a receber mensagens do coronel falando que era influente, e tinha como amigos desembargadores federais

Novaes chegou a mencionar que era amigo de um juiz militar chamado Ronaldo Roth. "Não vem com esse agamelo de trocar cana que vai se fu****, a gente vai lá pro TJM, na minha amiga promotora, o Machado Marques, o Roth e o bicho vai pegar hein [...]". 

Entre as ameaças, ele ainda disse que poderia usar da sua influência para que a esposa da vítima perdesse o emprego em uma associação na qual trabalha. Além disso, segundo a denúncia, ele fez ameaças veladas de morte, dizendo "não mexe comigo, você não me conhece", "são mais de 170 IPM", "lutaremos com fervo", "você tem um x nas suas costas", "Novaes é perigoso, incentiva os mike [policiais] a matar". 

Conforme relatado pela promotoria da Justiça Militar, as ameaças tinham como propósito fazer com que o capitão não seguisse com o relato da soldado e nem noticiasse os crimes. Os casos relacionados à Novaes ainda aguardam julgamento. 

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Citado por Novaes, o juiz militar Ronaldo Roth afirma que "não pode responder pela frase do coronel.

Talvez ele tenha alguma justificativa para ter feito essa afirmação." 

Em nota, a defesa do coronel afirma que "o que vem sendo divulgado pelos canais de mídia carece de provas, pois se limita em divulgar print de parte de conversas dentro de um contexto que é conveniente apenas a quem as enviou, assim como em outros depoimentos públicos que falta com a verdade não demonstrando todo conteúdo fático, sendo que a verdade real vai aparecer no momento processual oportuno". 

Fonte: Redação Terra
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