Coronel da PM é acusado de dar tapa em parte íntima de soldado

Cássio Novaes é alvo de novas denúncias de assédio sexual, e documentos expõem como oficial aliciava as vítimas

14 jul 2022 - 16h46
(atualizado às 20h14)
Coronel é acusado de ter assediado sexualmente cinco soldados da Corporação
Coronel é acusado de ter assediado sexualmente cinco soldados da Corporação
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O coronel Cássio Pereira Novaes é alvo de novas denúncias de assédio sexual relatadas por soldados da Polícia Militar de São Paulo. Segundo o documento que o Terra teve acesso com exclusividade, o réu chegou a bater nas nádegas de uma das vítimas. Um dos processos, que engloba quatro denúncias, está em segredo de Justiça. 

A primeira acusação, revelada em 2021, foi feita pela soldado Jéssica Paulo do Nascimento, de 29 anos. Mas ela não teria sido a única vítima de Noaves. Entre fevereiro de 2020 e abril de 2021, ele teria assediado outras quatro soldados, lotadas no 50º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano, em São Paulo.

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Conforme apontam as denúncias, ele agia sempre da mesma maneira, mandava mensagens de cunho sexual para elas, prometia proteção e benefícios dentro da instituição.

Primeira denúncia

As investidas sexuais contra Jéssica começaram em 2018, e ocorriam a partir de mensagens, ameaças e humilhações, inclusive, na frente de outros colegas. O suspeito até teria tentado sabotá-la quando ela se recusou a ceder às investidas.

Em entrevista ao programa Balanço Geral, da TV Record, em maio de 2021, Jéssica contou que ele a chamou para sair na primeira vez que a viu. "Ficamos questão de cinco minutos a sós, e ele já me chamou para sair. Falei que não queria, explique também que sou casada e ele também. E, mesmo assim, eu não ficaria com ele. Acho que da forma como eu falei, já cortando, ele não aceitou o não, e passou a me perseguir", afirma. 

Segundo a soldado, ela sofreu grave ameaça, ficou afastada por dois anos, mudou de cidade e telefone, com medo de seu superior. Mas nada disso resolveu. Novaes conseguiu novamente o celular dela, e, quando ela retornou ao serviço, passou a mandar diversas mensagens. 

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Em um áudio enviado pelo WhatsApp, ele sugeriu como ela deveria se apresentar. "Faz a unha aí, eu gosto de vinho ou preto, e a do pé também. Vem com sapato alto aí", diz o coronel, que condicionava a ausência no encontro a uma transferência para o batalhão do litoral. 

Em outras mensagens, ele diz que estava sozinho porque a mulher viajou e que queria Jéssica. "Na hora, a gente se sente um lixo, mal", afirma a ex-soldado. Ela formalizou a denúncia da Corregedoria da PM em abril de 2021. Pouco depois, ela pediu exoneração do cargo, pois passou a ser perseguida. O Terra teve acesso a diversos prints de conversas entre a vítima e o coronel.

Em uma das conversas com Jéssica, ele chegou a dizer que iria estuprá-la
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Outras quatro denúncias

De acordo com a segunda denúncia do Ministério Público, feita pelo promotor Marcelo Santos Nunes, foi notado o mesmo comportamento de Novaes com as quatro soldados e Jéssica, que o denunciou primeiro. Ele usava de sua autoridade para assediar sexualmente as policiais, além de prometer conseguir bolsas de estudos em universidades.

A segunda vítima foi a soldado Vivian [nome fictício], que teria sofrido com as investidas sexuais dele pouco depois do carnaval de 2020. Ela havia sido levada para o 50º BPM/M para substituir outra PM que estava afastada. Durante esse período, ele dizia a ela, em tom de brincadeira, mas com "claro intuito de assediá-la, que iria prendê-la se a visse conversando com outros policiais homens", diz o documento que o Terra teve acesso com exclusividade. 

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O oficial ainda prometeu auxiliá-la dentro da PM em meio a comentários de cunho sexual. "Se ela for boazinha, posso lhe ajudar a ir mais rápido", disse Novaes em uma determinada situação.  Ele chegou até a dar um tapa nas nádegas de Vivian enquanto ela arrumava uma bandeja de café dentro da sala dele. "Você está gordinha, mas está gostosa", disse ele. 

"Verifica-se que o denunciado utilizou de sua autoridade com o fim de importunar a vítima sexualmente, na medida em que falava expressamente que poderia auxiliá-la nas movimentações internas da PM, deixando explícito que a vítima deveria se abster de resistir as suas investidas sexuais", afirma o promotor na denúncia. 

Já o terceiro caso ocorreu com a soldado Camila [nome fictício], em fevereiro de 2021, quando ela foi remanejada para o batalhão para substituir uma cabo que estava de férias. Ao término do período, Novaes determinou que fossem trocadas as funções das policiais, ficando a vítima sob o comando dele.

O assédio teria acontecido pela primeira vez quando o réu teria dito que ela "era muito bonita, não vou resistir", em um momento em que eles estavam sozinhos. Ele também passou a ligar e enviar mensagens pelo WhatsApp da vítima em algumas ocasiões. Nas oportunidades, ele a chamava de linda e deusa, e dizia que era a secretária especial dele, que tinha projetos para ela, além de dizer que queria conhecer os pais dela. 

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O quarto caso foi contra a soldado Natasha [nome fictício], em março de 2021. O coronel teria ido até a 3º Cia da batalhão, onde a soldado trabalhava, e ao vê-la, disse em voz alta para um policial: "Nessa menina eu faria quatro filhos". Em seguida, ele repetiu a fala diretamente para a vítima. Ao negar a investida, ela ainda ouviu: "Não ia ser um pedido, e sim uma ordem" e "filho de oficial a pensão é boa". O caso ocorreu mais uma vez na frente de outros policiais. 

Já com a soldado Letícia [nome fictício] o assédio teria ocorrido em março de 2021, quando ele a ligou e disse que "não gostava de cariosa, mas que dela gostava". Nesse dia, ele chegou a determinar que a PM o adicionasse no WhatsApp para ser "a amiga especial". 

Depois, ele passou a enviar mensagens em que dizia que a policial era linda, a chamava para sair e para conhecer São Paulo. Também a perguntava se estava sozinha. Constrangida, ela somente agradecia, mas o assédio continuou. Ela era chamada de "carioca gostosa", e, em uma vez, chegou a receber o seguinte questionamento: "Você é sapatona ou gosta de homem bruto?". 

Com o intuito de forçar que ela cedesse às suas investidas, ele dizia que era perigoso, "zica" e a pedia para ficar em silêncio. Após as últimas mensagens, ela parou de respondê-lo, e decidiu denunciá-lo para a Corregedoria da Polícia Militar. 

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Processos

Após a abertura de um processo disciplinar, ele foi afastado do cargo. Em 17 de julho de 2021, Novaes, que na época era tenente-coronel, foi promovido a coronel e aposentado pela Polícia Militar. Em agosto do mesmo ano, ele passou a ser réu no caso de Jéssica. 

Em março de 2021, a Justiça Militar aceitou a segunda denúncia --com o relato das outras quatro vítimas--, e Novaes virou réu novamente por assédio sexual e ameaças. Ambos os casos ainda aguardam julgamento. 

Em nota, a defesa do coronel afirma que "infelizmente o que vem sendo divulgado pelos canais de mídia carece de provas, pois se limita em divulgar print de parte de conversas dentro de um contexto que é conveniente apenas a quem as enviou, assim como em outros depoimentos públicos que falta com a verdade não demonstrando todo conteúdo fático, sendo que a verdade real vai aparecer no momento processual oportuno". 

Fonte: Redação Terra
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