Criador de página LGBTQIA+ e advogada denunciam ameaças de grupo nazista

Grupo se organiza na plataforma Discord e conta com cerca de 120 membros até o momento

27 out 2022 - 11h32
(atualizado às 11h32)
Ameaças que administrador da página LGBTQIA+ e advogada receberam
Ameaças que administrador da página LGBTQIA+ e advogada receberam
Foto: Divulgação

O administrador do Universo LGBTQIA+, uma das maiores páginas voltada para o público LGBT+ no Instagram está sendo vítima de ameaças de um grupo supremacista, oriundo das profundezas do ‘Discord’ que se autodenomina como 4USCH. O social media Daniel Bispo, de 21 anos, teve seus dados vazados e recebeu o aviso: “você será caçado”.

“Com esses dados (número de contato, documento, endereço, dados de familiares) eles estão realizando ameaças e prometem que “muito mais está por vir” até o dia das eleições, no domingo (30)”, denuncia Daniel.

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A advogada Rafaela Chain (@pretanajustica), 34 anos, responsável pela defesa de Daniel também foi vítima de ameaças e ataques racistas do mesmo grupo nazista, na noite do último sábado (23). Ofensas como “preta na justiça não fala” e “macaca” foram atribuída a ela, além de ameaças a sua família.

O administrador da página LGBTQIA+ e a advogada registraram boletim de ocorrência na Polícia Civil e estão recebendo o apoio jurídico da equipe da deputada federal eleita Erika Hilton (PSOL). Eles estão sendo orientados a entrar com um processo coletivo no Ministério Público para investigar este grupo nazista.

“O mais difícil é identificar estes grupos que são virtuais, mas sabemos que são grupos machistas, racistas, homofóbicos, misóginos e são apoiadores de Bolsonaro, que usam um discurso religioso para legitimar suas ações”, diz a advogada.

Denúncia

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A página Universo LGBTQIA+ é acompanhada por mais de 350 mil pessoas no Instagram e 50 mil pessoas no Twitter. No último domingo (23), eles realizaram uma postagem em que relata o fato que estão sendo ameaçados. No Instagram, a publicação já teve o apoio de aproximadamente 36,5 mil seguidores, além de centenas de comentários solidários.

“Atualmente somos uma das maiores páginas sobre a comunidade LGBTQIA+, expomos todos tipos de LGBTfobia que acontece no país e isso incomoda muita gente. Tentam de toda forma nos silenciar, mas isso não irá acontecer. Não vamos permitir que isso aconteça”, declararam.

“Não nos calaremos e nem seremos silenciados”, completam.

Intolerância

O grupo que se autodenomina 4USCH se organiza na plataforma Discord e conta com cerca de 120 membros até o momento. O Discord é um aplicativo de voz direcionado ao público gamer e são conhecidas por abrigar redes de grupos nazistas. São páginas digitais que não possuem protocolos de rede tradicionais e, por isso, não são facilmente encontradas por buscadores.

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No e-mail enviado para o administrador da página LGBTQIA+, os agressores diz que a 4USCH é um pouco do verdadeiro movimento que deveria ser implementado no Brasil, “22 neles!”, declaram.

“Esse movimento representa o Brasil que queremos para um futuro próximo e próspero, um Brasil sem boyolisse e sem qualquer coisa homossexual. Onde a mídia não defende eles, e qualquer um que for pego beijando, namorando, casando com outras pessoas do mesmo sexo iam ser torturados e fuzilados”, escrevem, demonstrando o nível doentio e perigoso deste grupo.

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