Cronologia coloca marido de contadora morta por espancamento como mandante do crime

A suspeita é de que Leonardo Nascimento Chaves tenha mandado matar a vítima para ficar com o seguro de vida

11 set 2023 - 10h24
(atualizado às 10h30)
Kaianne Bezerra Lima Chaves foi morta a mando do marido, diz polícia
Kaianne Bezerra Lima Chaves foi morta a mando do marido, diz polícia
Foto: Reprodução

O programa Fantástico mostrou neste domingo, 10, a cronologia do crime que vitimou a contadora Kaianne Bezerra Lima Chaves, de 35 anos, em Aquiraz (CE). A Polícia Civil suspeita que o marido da vítima, o professor de inglês Leonardo Nascimento Chaves, de 41, seja o mandante do crime, após encontrar imagens que o flagraram conversando com os criminosos pouco antes do feminicídio. 

Kaianne foi morta por espancamento no dia 26 de agosto, em um dos quartos da casa em que vivia com o marido. Inicialmente, o caso foi tratado como latrocínio, pois itens foram levados da residência, o Leonardo também foi espancado e amarrado. No entanto, ao se aprofundarem nas investigações, as autoridades perceberam que se tratava de uma farsa. 

Publicidade

O carro usado para chegar até a casa do casal era alugado, e com o GPS do automóvel, a polícia conseguiu localizar os dois suspeitos: o motorista de aplicativo, Adriano Andrade Ribeiro, de 39 anos, e um adolescente, de 16. Eles foram capturados três dias depois do falso latrocínio. 

"No momento que a gente tomou depoimento dos executores, a gente percebe uma facilitação e um excesso de informações com relação à residência, o que não é comum. A gente começou a buscar também informações de onde estava o marido da vítima momento antes do crime. Ali a gente descobriu que tudo que estava sendo passado, não passava de uma farsa, um teatro, que provavelmente foi feito pelo marido da vítima", diz o diretor da Polícia Judiciária do Ceará, Gustavo Pernambuco. 

Cronologia

Por volta das 21h11, um carro estaciona na frente da casa da contadora. Neste momento, Leonardo regava as plantas com o portão aberto, e foi abordado pela dupla. Em seguida, Kaianne é morta e 45 minutos depois, os suspeitos saem no carro dela, levando alguns objetos da casa. 

Com o rastreamento do carro, foi possível descobrir que 1 hora antes do crime, Adriano e o adolescente chegam em um shopping da cidade, próximo à casa da vítima. Eles entram em uma sorveteria. As câmeras do shopping mostram que cerca de 15 minutos antes, o marido da vítima já havia chegado lá. 

Publicidade

Ele dá uma volta, e quando passa pela sorveteria, é seguido pela dupla. Os três vão para o estacionamento, onde ficam conversando por 11 minutos. Depois de descobrir isso, a polícia colheu novo depoimento, no qual o motorista de aplicativo e o adolescente confessaram a autoria do crime e a participação do marido da vítima.

Combinado

Na conversa com os dois, Leonardo teria combinado o horário que iria regar as plantas. Ao chegar na residência do casal, a dupla não estava armada, e as câmeras de segurança da casa estavam desligadas.

A investigação concluiu que o professor entrou com Adriano no quintal. Enquanto isso, o adolescente foi até o quarto do casal, onde Kaianne estava e foi morta a pauladas. O marido da vítima teria pedido aos dois que o agredissem também, além de amarrar em um quarto nos fundos da casa.

Conforme o combinado, ele só começou a gritar por socorro 35 minutos depois, tempo suficiente para que a dupla fugisse. Dois meses antes do crime, a contadora tinha contratado um seguro de vida no valor de R$ 60 mil. A polícia acredita que essa seja a motivação do feminicídio.

Publicidade

"Eles haviam combinado que os executores poderiam levar qualquer objeto da residência e, no segundo momento, o valor dessa apólice de seguro de vida eles iriam receber uma parte desse valor entre eles, o que leva-nos a crer neste momento, porque as investigações ainda não terminaram, é que realmente trata-se de um feminicídio com a intenção de receber o seguro de vida", afirma Gustavo Pernambuco.

Em entrevista ao Fantástico, um familiar da vítima disse que Leonardo tentou desencorajá-los a procurar por Justiça. “Dizia que é para parar de marcar autoridades nos perfis, parar de levantar #justiçaporkaianne, porque nunca ia acontecer nada. Disse que ir atrás da notícia fazia mal para o coração. Sempre dizia para deixar para lá o caso, esquecer. Nunca demonstrou interesse".

Leonardo Nascimento Chaves, de 41, está preso desde a última terça-feira, 5, quando foi capturado saindo da casa de familiares da esposa. Ele estava com passagem comprada para fugir para Portugal, na Europa.

À TV Globo, a defesa de Adriano afirmou que os fatos representados pela imprensa não possuem consonância com a realidade fática e que os demais esclarecimentos serão demonstrados no curso processual. Já os advogados do marido de Leonardo afirmam que ele é uma vítima, que o crime lhe é falsamente imputado, e que vão colaborar com a polícia para apurar os fatos e trazer a verdade.

Publicidade
Fonte: Redação Terra
TAGS
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações